A casa da família Zanotelli, na Barra do Forqueta, em Arroio do Meio, não é mais a mesma depois da chegada do caçula Orlando, em 28 de junho de 2017. A calmaria e a organização deram espaço à diversão, artigos de bebê, brinquedos, criando outra energia na casa.
A vida de Gislaine, Paulo Sérgio e a filha Emily fluía tranquilamente até pouco mais de cinco anos. Aos 38 anos Gislaine estava convicta de que Emily, então com 21 anos, seria sua única filha. Foi entre um atendimento e outro, que a massoterapeuta passou a ouvir das clientes que tinha muito amor para dar e que seria bom ter mais um filho. “Levava na brincadeira, porque isso não fazia parte dos nossos planos. Nossa filha já estava criada e nunca tínhamos falado sobre ter outro filho. Um dia acordei com o sentimento de que queria ser mãe de novo. Assim, do nada, de ir dormir e acordar com esse pensamento. Pensei: se for dos planos de Deus vai dar certo”, conta.
Não demorou muito para que “os planos de Deus” acontecessem. Contudo, logo no início, Gislaine descobriu que era uma gravidez anembrionária e teve de passar por uma curetagem. Por mais que não fosse o desfecho desejado, o episódio serviu para que o casal tivesse ainda mais certeza de que queria mais um bebê. “No começo pensávamos: mas será que vamos começar tudo de novo, ter uma criança agora, quando já estamos com a vida organizada? As pessoas diziam: vocês são loucos, vão viajar e curtir a vida agora que a filha está crescida. Mas depois da curetagem ficou ainda mais claro do quanto nós dois queríamos ser pais novamente”.
E o desejo do casal não demorou para se concretizar. Seis meses depois, Gislaine estava grávida e, desta vez, sem qualquer intercorrência. Promovida a irmã mais velha, Emily teve um pouco de resistência no início, mas depois se apaixonou pela ideia e pelo irmãozinho que estava a caminho. Foi ela que preparou o chá de bebê e deu os primeiros banhos no caçula. “Depois que o Orlando nasceu, minha vida passou a ter outro sentido. Renasceu uma mulher, renovou tudo dentro de mim, me sinto muito melhor”, afirma a mãe.
Num comparativo das duas gestações, Gislaine percebe muita diferença. Na primeira, aos 17 anos, teve enjoo, sono, cansaço. Já na segunda, com 39, não teve nada disso. Sentia a mesma disposição de sempre. Além da questão física, destaca que as circunstâncias também são muito distintas.
Quando a primogênita nasceu, a estrutura do casal era muito aquém da atual. Jovens, moravam nos fundos da casa dos sogros, não tinham carro, dependiam de ônibus e tudo era mais limitado. Agora, com casa e condução própria, tudo ficou mais fácil. “É tudo muito diferente. Naquela época não tinha chá de fralda nem fotos. Hoje é tudo mais fácil. Se eu quiser sair, pego o carro e vou. Da outra vez o Paulo Sérgio não podia ir nas consultas comigo, dependíamos do posto de saúde e ele precisava trabalhar. Desta vez não fui em nenhuma sozinha. Curti muito mais a gravidez aos 39 do que aos 17”.
O pós-nascimento de Orlando, que ganhou este nome em homenagem ao avô paterno José Orlando, foi igualmente diferenciado do de Emily. Como trabalha em casa, Gislaine pôde ficar com o pequeno por mais de um ano. Ao completar um ano e cinco meses ele passou a frequentar a escola infantil. “No primeiro dia, eu senti muito mais do que ele. Ele ficou com as outras crianças, todo animado e eu passei o dia com vontade de chorar”, lembra.
Com a pandemia, a família teve de se adaptar, já que por um logo período não houve atendimento nas escolas de educação infantil. A saída foi ajustar a agenda de trabalho. Gislaine só atende depois das 16h, quando o marido retorna do trabalho e fica com Orlando.
Como a família já era mais caseira, a mãe considera que não houve muitas mudanças com o nascimento do caçula. Continuam encontrando amigos e fazendo programas em família. O que mais mudou é a renovação e alegria que uma criança proporciona. A cada dia que passa ela tem a certeza de que fez a escolha certa. “Foi coisa de Deus. Tudo na minha vida mudou para melhor. Vejo a vida com outros olhos hoje”.
Em relação ao futuro, a mãe não esconde suas preocupações. Diz que a adolescência e o mundo causam um pouco de medo, mas se esforça para passar bons exemplos e valores para que o filho esteja o melhor preparado possível, assim como o fez e ainda faz com a irmã mais velha. “Quando tive a Emily, tinha medo de não ser boa mãe, de ela não gostar de mim, de não dar conta da maternidade. Agora é muito diferente, o medo que tenho em relação ao Orlando é de perder”.
Para as mulheres que desejam ser mães novamente ou que tentam o primeiro filho, Gislaine recomenda não desistir por causa da idade. Lembra que teve o bebê com 40 anos e, ao contrário do que imaginava, tem muita energia para o dia a dia e não teve problemas mais sérios durante a gestação. “Se o médico ou médica disserem que está tudo bem com o corpo, não desista. Quando Deus quer, a vida dá um jeito. A idade é só um detalhe. Não precisamos nos apegar tanto a ela. Para mim foi uma bênção ter meu menino, por mais que parecesse loucura. Só nos dá alegrias”.