Na sessão ordinária de quarta-feira, dia 15, a Câmara de Vereadores de Arroio do Meio aprovou por unanimidade dois projetos de lei de autoria do Executivo. Eles tratam do parcelamento da dívida tributária e não tributária municipal, instituição de juros e multas, e restituem valores já pagos pelos agricultores ao Programa Troca-Troca Safra 2019/2020, em até R$ 45.461,50.
Nos pronunciamentos o principal assunto debatido foram os problemas causados pela enchente histórica.
A próxima sessão ordinária está agendada para as 18h30min do dia 5 de agosto.
DRAMA NA PRÓPRIA CASA – Helena Matte (MDB) parabenizou o colega Rodrigo Kreutz (MDB) pelo nascimento do filho. A vereadora falou da sensação, em geral, de angústia, frente a situação do município e região pelos problemas enfrentados pela seca, pandemia e a enchente. “Para quem reside em área inundável, como eu, é realmente inimaginável ver o quanto se perde, o quanto as famílias e município perdem como um todo”. Helena disse que agora é preciso ajudar da melhor maneira possível para que todos se recuperem. Disse ter conversado com as pessoas e percebeu a garra com que os servidores e voluntários se dedicam para que tudo se reestabeleça. Agradeceu ao prefeito e equipe da Administração que não está medindo esforços para atender as demandas, para que a cidade volte à sua beleza tradicional.
SOBRECARGA DO PODER PÚBLICO – Vanderlei Majolo (PP) cobrou reparos na VRS-811 e estrada de Bicudo. Avaliou que 2020 é um ano atípico, com muitos desafios. A enchente sobrecarregou o efetivo do Poder Público municipal e testou o ânimo das pessoas. “Sem humanidade, compreensão e compromisso, não haverá superação”. Majolo voltou a pedir apoio das pessoas mais bem-sucedidas financeiramente. “É preciso pôr a mão no bolso e arregaçar as mangas”.
AUMENTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO – César Kortz (MDB) destacou a união e solidariedade das pessoas, e necessidade de sensibilidade. Revelou que além dos prejuízos da cheia, ocorreram deslizamentos em Picada Café e Palmas e na agricultura houve perdas de 230 hectares de trigo, 300 hectares de pastagem e 750 toneladas de silagem, que terão impacto direto no custo de alimentação dos animais.
PERSPECTIVAS DESFAVORÁVEIS – Roque Haas (PP) cobrou a instalação redutores de velocidade e sinalização numa curva perigosa que liga Forqueta a Cairu, Travesseiro. Avaliou que depois da estiagem, impactos da pandemia nas integradoras e enchente trouxeram prejuízos nas culturas de inverno, que mal foram aproveitadas, piorando as perspectivas para o agro, que terá aumento do custo de produção e dificuldades em honrar dívidas. “Os agricultores também são merecedores do auxílio emergencial de R$ 600. Infelizmente nada pode ser feito contra adversidades climáticas. Imaginem se a enchente fosse maior. É momento de pensar no próximo, a ajuda será retribuída”.
ESTRUTURAÇÃO DA DEFESA CIVIL – Pedro Volmir de Freitas Noronha, o Kiko (PDT), sugeriu ajustes no nível de entrada e saída da ponte da rua João Antônio Rauber, para gerar menos impacto mecânico nos veículos. Kiko também cobrou uma reforma da Ponte de Ferro, que não é feita no lado de Arroio do Meio há 12 anos. Enquanto morador de área inundável por 24 anos, esteve envolvido ajudando amigos e parentes, e agradeceu a ajuda de voluntários, que englobou diversos setores da sociedade, Poder Público e entidades religiosas. Sugeriu a aquisição de lanchas e treinamento de condutores para salvamentos na correnteza. “Eu ajudei a socorrer pessoas com minha lancha, e passei medo. Bombeiros com experiência sofreram acidentes. Além da correnteza há uma série de obstáculos como a rede elétrica. Graças a Deus as perdas só foram materiais e estruturais. São as vidas que importam. O resto se recupera”.
Em comentário aparte, Roque Haas sugeriu o treinamento de moradores das áreas atingidas que conhecem as características das inundações. Kiko observou que não havia barcos suficientes para todas as pontas, e que eventuais demoras podem ser trágicas.
INFORMAÇÕES PARA CONTRAPARTIDA – José Elton Lorscheiter (PP), o Pantera, também agradeceu aos voluntários que colocaram a vida em risco para ajudar as pessoas e envio de donativos, inclusive de outros municípios. “É um conforto mínimo para as famílias voltarem à rotina. Infelizmente a situação é dramática”.
A respeito do pedido de informações, sobre o valor exato da contribuição de melhoria em diversas vias, que teve prazo de resposta prorrogado, observou que a informação é fundamental para organização orçamentária das famílias. Pantera também cobrou a sinalização nestas vias e instalação de quebra-molas na avenida Carlos Suhre que, à noite, vira uma pista de corrida.
MONITORAMENTO E INTERVENÇÕES NA BACIA HÍDRICA – Rodrigo Kreutz (MDB) falou do sentimento de ser pai em um momento negativo para sociedade local. “Em meio a muita coisa ruim. Uma coisa boa. Meu filho Anthony nasceu no dia mais frio do ano”. Sobre a enchente, a pior que esta geração viu, detalhou perdas nos bairros mais atingidos e agricultura. “Atuo como operador de máquinas da prefeitura há 14 anos e posso dizer que cada enchente é diferente. Esta gerou mais prejuízos em casas nunca atingidas e para quem alocou os bens no segundo piso, contando que não atingisse essa proporção. Foram quatro dias para retirada de centenas de cargas de entulhos e de mudanças.
Kreutz também observou a necessidade de retirar as famílias do Navegantes antes da elevação do valão e em determinados pontos dos bairros São José e Aimoré. Cobrou melhorias no monitoramento da bacia Taquari-Antas e afluentes, como o Forqueta, além da necessidade de desassoreamento. “A melhor coisa que aconteceu, no meio de operações de risco envolvendo bombeiros, voluntários e vítimas, foi o fato de não ocorrerem mortes. Um milagre”.
Rodrigo também falou do cadastramento feito pelo Cras, georeferenciamento das famílias com dados detalhados, para otimizar a ajuda e superação da crise, lamentando a existência de mal-intencionados. “Doações estão vindo de todos os lados. Uns têm condições de ajudar mais, outros menos”. O vereador ainda destacou o empenho dos servidores em ajudar a comunidade.
SOCIEDADE ALTRUÍSTA – Marcelo Luís Schneider (MDB), destacou o empenho do Poder Público e Câmara de Vereadores, em ajudar as pessoas, bem como da Corsan e RGE em restabelecer o abastecimento de água e energia elétrica. “A refeição foi fundamental para dar suporte a quem perdeu alimentos ou não tinha como prepará-los, assim como os produtos de limpeza e água potável. A cada três meses, as dificuldades parecem aumentar”, observa. Schneider agradeceu aos voluntários locais e de outras regiões, e da transição de uma sociedade egoísta para altruísta. “Os agasalhos, donativos e móveis são fundamentais para o mínimo de aconchego para o retorno às casas e superar o momento”. Sobre a aquisição de equipamentos e treinamentos para Defesa Civil, destacou a necessidade de estudo e possibilidade de busca de emendas parlamentares.
RESPOSTAS DA NATUREZA – Adiles Meyer (MDB) observou que os desastres ambientais nada mais são que um reflexo da natureza que é transformada pelo ser humano. “Toda ação gera uma reação. Quando quase nos adaptamos, surgem surpresas, muitas vezes inimagináveis. Num momento de destruição, a solidariedade estampada nas pessoas, empresas e entidades. Cuidar das pessoas é fundamental”. A emedebista também destacou o recolhimento de entulhos e bens das famílias, destruídos pelas cheias, e agradeceu todas as pessoas mobilizadas no apoio, especialmente os servidores públicos, que atuaram de forma incansável nas madrugadas, elogiando a condução e gerenciamento do Poder Executivo.