Aliados desde 2008, o PP e o PDT de Arroio do Meio, estão alinhados de forma mais convergente e estruturada para as eleições de 15 de novembro, do que em edições anteriores, de acordo com declarações dos coordenadores de campanha Gustavo Kasper (PP), assessor parlamentar do deputado Federal Gerônimo Goergen, e Áurio Scherer (PDT), ex-vice-prefeito de Arroio do Meio.
Nas últimas décadas, os dois partidos tiveram envolvimento direto na política municipal e regional. Kasper atuou como suplente em 2005-2008, vereador em 2009-2012, candidato a vice-prefeito em 2012 e a prefeito em 2016. Scherer, então no PT, foi líder do MPA, integrou a diretoria do STR, foi candidato a deputado estadual em 2010 e 2014, e vice-prefeito em 2013-2016. A saída de Scherer do PT foi resumida numa frase, “quando a lealdade falta, eu me ausento”.
Segundo Kasper, a integração mais intensiva das duas siglas iniciou em 2017, quando a então presidente do PDT Adriana Meneghini Lermen, vereadora suplente e uma das atuais pré-candidatas a vice da chapa, entendeu que se a sigla tivesse participado e apoiado o PP de forma mais ampla na campanha de 2016, o resultado das eleições poderia ser outro. “Fomos superados por 872 votos. Em tese deveríamos ter conquistado 437 votos a mais. Mas não havia unanimidade nem mesmo dentro do próprio PP e indefinições do lado do PDT”, declarou.
Experiência, qualificação e consenso
A equipe de trabalho da chapa é considerada pelos coordenadores bastante experiente, qualificada e atualizada. “Nenhuma eleição é igual. Independentemente da pandemia, a tecnologia em telecomunicações terá uma influência maior no relacionamento e convencimento dos eleitores. Já vinha ocorrendo em âmbito nacional e estadual […] Em decorrência das orientações para evitar aglomerações, tivemos que estagnar a programação de reuniões com representantes de setores estratégicos e comunidades, para elaboração de planos de governo. Adotamos vídeo reuniões e dividimos a equipe em quatro comissões, para atuar de forma enxuta. Também mudamos a forma de acolher sugestões. Sabemos que tem gente que sabe muito mais do que a gente”, revelam.
Os futuros candidatos serão aclamados nas convenções que transcorrem na semana da Pátria. O ex-prefeito Danilo José Bruxel é uma unanimidade das siglas para concorrer à majoritária. O PDT tem como pré-candidatos a vice Adriana Meneghini Lermen e o presidente da sigla e vereador Darci Hergessel. “Será buscado um consenso. Quem ficar de fora da disputa direta terá participação estratégica na campanha e no corpo técnico no governo”. O PP terá 17 candidatos ao Legislativo e o PDT 10. No momento os partidos estão qualificando os candidatos, na forma de se relacionar com os candidatos, para que estejam alinhados com as propostas e propósitos do Executivo.
Maioria na Câmara x Máquina pública
Um dos trunfos recentes é a conquista da maioria da bancada oposicionista no poder Legislativo, que está unida no encaminhamento de pedidos de informação e posicionamentos. Apesar do prestígio na Casa o espaço ainda é considerado restrito para política prática. Os coordenadores reconhecem que os prefeitos em reeleição, além de ter a máquina pública na mão, estão se beneficiando de acontecimentos em torno da pandemia, como palanque eleitoral, num momento em que os protagonistas de verdade são profissionais de saúde. E também entendem que até uma enchente proporciona aproximações circunstanciais do poder Executivo com os eleitores.
Scherer trouxe à tona que o projeto de construção da UTI no Hospital São José, foi finalizado em julho de 2014, com a deliberação das Irmãs da Divina Providência. “Estava no plano de governo do Klaus, mas ele deu prioridade a usar o dinheiro em caixa para executar obras estruturais no último ano de governo. Se não fosse a pandemia, a UTI nem teria entrado na pauta. O mais difícil não é a construção e sim o credenciamento, que Encantado já está conseguindo”, revela.
Alternância de Poder
Apesar dos desafios, os coordenadores afirmam que os candidatos e equipe estão preparados para uma disputa que promete ser equilibrada e duríssima, e principalmente para assumir e administrar Arroio do Meio, com o acolhimento da comunidade que a precisa e merece, sem excluir ninguém. “Vamos administrar de forma mais simples, humilde e acolhedora. Dialogar até a exaustão. Estamos somando forças com pessoas que não foram bem recebidas no gabinete que estão vindo de todos os lados, inclusive do MDB. A alternância no poder é salutar e Arroio do Meio precisa oxigenar a sua máquina pública. Nos últimos cinquenta anos, o MDB não esteve no governo apenas durante um mandato. Mas é preciso lembrar que os outros partidos deixaram marcas expressivas, no equilíbrio administrativo, dando início a ciclos de obras estruturais e atração de grandes empresas, essenciais para geração de emprego, renda e arrecadação de impostos, que estão sendo desfrutadas atualmente”.
Um desafio administrativo previsto pelos coordenadores, caso a equipe vença as eleições, é liquidar saldos de financiamentos feitos nesta gestão. “Até então não era uma cultura local, tomar grandes financiamentos”. Apesar da conjuntura nacional e estadual não ter tanta influência na política local, consideram imprescindível um bom relacionamento e trânsito nos governos Federal e Estadual, independentemente de ideologias.
Os coordenadores preferiram não adiantar detalhes do plano de governo que está em elaboração, mas adiantaram que o município ainda pode evoluir muito na saúde, educação e mobilidade urbana.