Muitas são as tragédias que envolvem nomes de motoristas de caminhão com mortes em decorrência de acidentes graves envolvendo veículos de carga. Carlos Jacobs, 50 anos, residente em Lajeado, teve um curto histórico de caminhoneiro. Iniciou sua carreira aos 18 anos assim que conseguiu carteira de habilitação. Pouco tempo depois, assumiu a direção de um caminhão truck, com viagens pelo Estado. Em menos de quatro anos, passou a dirigir uma carreta como empregado de uma empresa, com viagens de diferentes cargas pelo país.
Quando tinha 22 anos, aconteceu o inesperado. Guiando uma carreta com uma carga alta de ração para cachorro, em 1998, por uma estrada em meio a um canavial, entre Araraquara e a cidade de Jaú, em São Paulo, Carlos teve um problema mecânico no caminhão, que causou o tombamento da carreta quando estava dirigindo a 62 quilômetros por hora. O motorista recorda que o acidente se deu por conta do desabamento da carga, que pendeu para o lado do motorista, por causa do dano mecânico que o caminhão havia sofrido. Lembra que tombou ao lado da estrada, de arrasto, em meio à plantação, sofrendo lesões principalmente no braço esquerdo. Sua esposa, Márcia, que o acompanhava na viagem teve mais lesões, incluindo fraturas.
Como ainda estava escuro e a estrada tinha pouco movimento, lembra que foram socorridos por um grupo de bóias-frias que estavam em um ônibus e que, pouco depois, passava pelo local uma ambulância que estava vazia, que conduziu os feridos até a cidade de Jaú, onde ficou internado, sendo transferido dias depois para um hospital em São Paulo. A lesão no braço se agravou, com a necessidade de amputação logo acima do cotovelo, para evitar problemas mais sérios em sua saúde. A cirurgia ocorreu aproximadamente 10 dias após o acidente.
Diante da situação, Carlos recebeu o consolo dos médicos de que poderia colocar um braço mecânico e continuar exercendo a profissão. “Cheguei a usar um braço mecânico mas, o mesmo não foi aceito por ocasião da primeira renovação da CNH, que foi liberada somente para dirigir carro de passeio e não para qualquer atividade profissional”. Lamenta que foi preciso questionar durante 10 anos na Justiça o recebimento de aposentadoria por invalidez. “Hoje estou conformado. Não tenho outra saída. Preciso viver assim, procurando me adaptar a cada situação na vida”, comentou Carlos.