Neste ano viemos sendo forçados a convivermos com as “Situações de Emergência” e “Situações de Calamidade”, em decorrência de eventos climáticos e da pandemia que desde o final do mês de março, marca a vida de toda a população mundial.
O primeiro episódio climático do início do ano foi a prolongada estiagem que fez com que cerca de 400 municípios gaúchos decretassem a situação de emergência, levando em conta os enormes prejuízos causados, especialmente nas atividades agropecuárias.
Relembro que os maiores prejuízos considerados aconteceram nas lavouras, na produção de grãos, com perdas estimadas em mais de 15 bilhões de reais. Não foram poucos os agricultores que afirmaram que o ano agrícola de 2020 poderia ser considerado um período perdido.
A busca de apoio dos municípios que obtiveram a homologação de seus decretos ainda segue na expectativa de um atendimento dos governos estadual e federal. Não há, ainda, uma sinalização positiva, a não ser um anúncio que o governador Leite fez nesta semana, sobre a adoção de um Programa de construção de açudes e perfuração de poços artesianos com investimentos de recursos na ordem de 55 milhões de reais.
Pois bem, não bastasse essa agonia da espera e da desesperança quanto ao desejado e esperado apoio, para a superação dos efeitos da seca, surge uma nova situação de emergência em vários municípios desta região, muito castigados pela enchente da semana passada, nos dias 8, 9 e 10.
Em que pese a discussão sobre os métodos e as práticas de medição do comportamento dos níveis dos rios e a sua marca final alcançada, sabe-se que as devastações dessa enchente foram impressionantes, causando novamente grandes prejuízos em áreas agrícolas, embora a situação mais crítica tenha sido vista nos centros urbanos.
Não são poucos os produtores rurais que tiveram perdas em instalações, com morte de animais, pastagens destruídas, silos levados ou afetados e assim inutilizados. E mais uma vez os governos municipais recorrem ao instrumento da decretação de situação de emergência, correndo atrás de recursos para as reconstruções.
DESCAPITALIZAÇÃO E MEDO
Esses eventos acima referidos estão refletindo e terão consequências no ânimo dos produtores rurais no restante do ano agrícola. Há um sentimento de que ficará bastante retraída a busca de linhas de financiamentos por parte de um considerável contingente de agricultores relativos ao Plano Safra lançado no início do mês.
A descapitalização de muitos produtores, motivada pela frustração das últimas safras, aliada à anunciada taxa de juros, que no entender de muitos é bastante elevada, resultam em uma insegurança e temor quanto à inviabilidade de novos compromissos financeiros.
CADASTRO DOS ANIMAIS
O cadastro dos animais que os produtores devem fazer periodicamente, teve o seu prazo prorrogado para o final do mês de outubro. O anúncio foi feito nesta semana pela Secretaria Estadual de Agricultura.