Reportagem:
Jaqueline Manica, Solano Alexandre Linck e Renata Souza
A enchente que atingiu pelo menos mil famílias em Arroio do Meio, totalizando aproximadamente 3,5 mil pessoas, foi maior do que a registrada em 2001, considerada uma das mais expressivas das duas décadas. As réguas de medição, localizadas no Balneário Municipal, registram que o Taquari alcançou a marca de 33,15 metros, 45 centímetros acima da alcançada em 2001. O nível do rio estabilizou apenas às 23h de quarta-feira e começou a descer na manhã de quinta-feira. À noite, ainda havia pontos interrompidos, a exemplo da rua Dom Pedro II e Gustavo Wienandts.
Subindo rapidamente, o nível das águas surpreendeu até os moradores mais antigos. Depois de um longo período de estiagem, era quase inacreditável, na terça-feira de manhã, que haveria uma enchente de tamanha proporção. No entanto, o passar das horas mostrou um cenário devastador, que ficou mais visível com o baixar das águas. Pelo menos seis pequenas casas de madeira, todas no bairro Navegantes, foram levadas pela correnteza. Muitas famílias conseguiram deixar suas casas somente com a roupa que vestiam, perdendo todos seus pertences. Os bairros mais atingidos são o Navegantes/rua Tiradentes e o São José. Também houve danos em Bela Vista, Aimoré e São Caetano, além da área rural.
Trabalho intenso
A Defesa Civil, coordenada pelo secretário de Obras, Paulo Volk, monitorou o crescimento do Taquari durante a terça-feira. Às 23h, convocou a equipe e, à meia-noite iniciaram as remoções. Os trabalhos se intensificaram na quarta-feira, quando foram auxiliadas mais de 100 famílias. Destas, 40 foram removidas para ginásios municipais e 120 deslocadas para a casa de parentes ou amigos. A estimativa é de que, pelo menos, 100 tenham removido seus pertences de forma autônoma.
Trabalharam no auxílio as famílias as equipes das secretarias de Obras, Agricultura, Saúde e Assistência Social, Serviços Urbanos, Trânsito, entre outros servidores. Foram utilizados 13 caminhões do município e vários outros particulares e de empresas. Além disso, havia pelo menos 15 pequenas embarcações auxiliando e que foram fundamentais para que muitas pessoas pudessem ser socorridas com segurança.
Para Volk, houve muitas situações de tensão, especialmente das famílias que se alojaram no segundo pavimento, onde a água nunca havia chegado. “Se viram no desespero de não ter mais para onde ir, com muita correnteza no pavimento inferior. A remoção teve de ser feita de barco”, afirma, comentando que as maiores dificuldades foram depois do entardecer, quando a demanda por esse tipo de socorro se acentuou. “Só temos a agradecer a todos, tanto da equipe municipal, como voluntários, que trabalharam no auxílio a estas famílias”, pontua.
Auxílio às famílias
O município organizou uma rede de apoio para as famílias desalojadas. Na manhã de quinta-feira, o prefeito Klaus Werner Schnack anunciou que o município faria a entrega de kits de limpeza para os desabrigados poderem efetuar a limpeza dos seus imóveis. “À medida que as águas recuarem e, paralelamente, faremos o levantamento dos estragos para que, assim, possamos de forma conjunta criar um comitê de crise e, juntamente com as famílias e comunidade, estabelecermos formas para restabelecer, em parte, a normalidade no município. Lamentamos todos por essa situação e estamos neste momento, novamente, solicitando a união de todos para que o município possa sair dessa dificuldade”.