A história do Clube Esportivo de Arroio do Meio (Ceam) terá o início de um novo capítulo no domingo, 28, quando serão realizadas duas assembleias, uma extraordinária e outra ordinária. A primeira tem, na ordem do dia, debate e votação sobre a venda de patrimônio do clube como medida para solucionar questões financeiras ou a dissolução da sociedade. A assembleia seguinte destina-se à apresentação de relatórios de atividades e aprovação da prestação de contas, votação das chapas de diretoria e conselho fiscal para novo mandato eletivo e assuntos gerais. O prazo para inscrição de chapas encerra hoje. As assembleias estão previstas para a realização presencial, na sede social do Ceam, com início às 19h e 20h. Contudo, podem vir a ser realizadas por videoconferência.
A venda do patrimônio do Ceam é um assunto controverso. Embora seja uma entidade privada, com mais de 100 anos de fundação, muitos o veem como um patrimônio cultural de Arroio do Meio. Além disso, o espaço que a sede social ocupa, a esquina da Rua de Eventos, é tido como local estratégico, que favorece a realização de eventos, a exemplo da Gincana Arroio do Meio.
O presidente Ricardo Alviggi Cimirro alega uma disparidade grande entre receitas e despesas, o que inviabiliza a continuidade das atividades com qualidade. O número de sócios é baixo e há um rodízio constante. Os patrimoniais, aproximadamente 70, são os que permanecem. Na contramão, as despesas fixas e os gastos com manutenção, que incluem as sedes social, no Centro, e a campestre, o antigo Arroio do Meio Piscina Clube (AMPC), são altos e incompatíveis com a receita cada vez mais minguada. Para tornar o empreendimento viável seriam necessários, pelo menos, 300 sócios.
Cimirro observa que nos quatro anos em que preside o Ceam, implantou diversas melhorias. Contudo, percebe que atrair novos sócios é cada vez mais desafiador, visto que as comunidades, nos bairros e localidades, oferecem basicamente a mesma estrutura que outrora era uma quase exclusividade do clube. O diferencial continua sendo a sede campestre, cujo maior atrativo são as piscinas na temporada de verão, quando também aumentam as despesas para oferecer um serviço de qualidade.
As próprias exigências legais, como o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), ajudam a ampliar os custos para manter a estrutura funcionando. Hoje os dois salões não estão com o PPCI concluído. O presidente estima que para regularizar somente o salão da sede social seja necessário um investimento de R$ 160 mil. É preciso adequar portas, instalar sistema de hidrante, entre outras obras.
Não há recursos para novas melhorias. A receita atual cobre as parcelas mensais de um empréstimo bancário de R$ 160 mil, um funcionário e a contratação de uma pessoa que faz a manutenção nas duas sedes. Cimirro entende que o encerramento das atividades e a venda do imóvel que abriga a sede social, seja a saída mais viável financeiramente, visto que as despesas só crescem. “Está tudo em dia, a contabilidade e os impostos, o que permite a venda com tranquilidade”, aponta o presidente.
Tanto a venda de patrimônio como o encerramento de atividades estão previstos nos estatutos. O valor arrecadado deve ser dividido entre os sócios patrimoniais, que são aqueles associados há 10 anos e contribuindo de forma contínua nos últimos três anos. “Já dei minha contribuição por quatro anos. É uma responsabilidade muito grande. Fiz o papel de gestor e estou dando um parecer frio, real e econômico. Não tem saída. O melhor é fechar agora, fazer uma comissão e encaminhar para a liquidação do patrimônio. O sócio patrimonial terá de continuar contribuindo neste período”, afirma Cimirro.
O presidente, que encerrou oficialmente o mandato em maio, destaca que os sócios que virem outra possibilidade, podem compor uma chapa para a diretoria e tentar reverter a situação. A assembleia de prestação de contas atrasou devido a situação da covid-19. A pandemia também inviabiliza o funcionamento, devido aos protocolos necessários, o que dificulta ainda mais a situação do clube.