A pandemia trouxe uma nova realidade ao sistema de saúde dos municípios. Em Arroio do Meio, medidas de prevenção iniciaram cedo, com a reorganização dos atendimentos, permitindo com que a equipe de saúde esteja toda em atividade. O secretário de Saúde e Assistência Social, Gustavo Zanotelli observa que as primeiras decisões foram tomadas junto com a equipe técnica, reestruturando o modelo de atendimento, visando a garantia de recursos humanos tanto para a Atenção Básica como para o Hospital São José.
Dentre as medidas adotadas, está a estruturação de três equipes de profissionais – uma para os casos de covid-19, uma para atender aos demais casos de clínica e uma terceira, na rua, fazendo visitas domiciliares – além da centralização dos atendimentos pediátricos e de gestantes na unidade do bairro Aimoré. “Ainda em relação às primeiras tomadas de decisão junto a equipe, já partimos, de imediato, com uma ação junto das maiores empresas do município. Tanto que o resultado dessa ação conjunta às empresas é que não tivemos nenhuma fechada no nosso município. Todas estão atuando conforme as orientações e os protocolos. E essa parceria também foi fundamental”, ressalta o secretário.
Semanalmente a equipe se reúne para avaliar a situação e o comportamento do vírus na sociedade, sempre em consonância com os decretos estaduais e recomendações da OMS. “Mas não procuramos dar passos muitos largos. Ainda é um momento de prevenção, de cautela, para que logo tenhamos uma normalidade das nossas vidas”.
Em relação ao número de casos confirmados, que têm subido nas últimas semanas, Zanotelli enfatiza que resulta de um maior número de testes aplicados. No começo, explica, não havia muitos testes. Ainda não há testes para toda a população, mas há mais pacientes sendo testados. Muitos, conforme aparece nos boletins divulgados pela secretaria, acabam entrando no índice de recuperados pois foram assintomáticos ou tiveram sintomas leves, sem a necessidade de internação ou passagem pelas unidades de saúde. “Acabaram contraindo o vírus e se curando em casa, mas entram na estatística, então, de positivos e curados”.
A tendência desse número, observa o secretário, é de aumento gradativo nas próximas semanas. “Quanto mais se testa, mais casos vão aparecendo e, destes, muitos já curados. A real contabilização é dos pacientes que seguem internados”, afirma destacando que o saldo bom disso são as pessoas que acabam se curando em casa, sem ocupar um leito hospitalar. Por outro lado, aponta que pacientes crônicos, que têm algum agravo, como diabetes, hipertensão ou asma, são os que mais tendem a sofrer com a contaminação do coronavírus e precisam de leitos de UTI.
Os testes
Não há testes para que todas as pessoas com sintomas condizentes com o coronavírus sejam testadas. O secretário destaca que os sintomas são diversos, e existe um protocolo aplicado pela equipe técnica para ver se, dentro da janela temporal, a pessoa se enquadra na testagem ou não. O teste rápido tem uma janela de tempo, com as testagens a partir do décimo dia. Em muitos casos, em função deste período, os pacientes já apresentam um nível baixo de anticorpos no organismo e esses números entram no gráfico como recuperados. No início da pandemia havia pouca disponibilidade destes testes no mercado e, quando havia, os valores eram altos.
O município dispõe de três tipos de teste: o Swab, realizado através da coleta da secreção e enviado ao Laboratório do Estado, o Lacen; o teste rápido que detecta apenas a presença de anticorpos (IgG) indicando que a pessoa já passou pela doença, e o teste rápido que detecta anticorpos IgG e IgM. A presença de anticorpos IgM indica a fase aguda da doença, quando o vírus pode ser transmitido.
Precaução e UTI
Em relação à eficácia das medidas adotadas pelo Estado e municípios, Zanotelli aponta que o reflexo pode ser visto na utilização dos leitos hospitalares, tanto no município como na maioria das regiões do Estado. Pontua que não houve superlotação de leitos de UTI e que, em alguns momentos, ocorreu uma lotação de leitos de UTI, mas nem todos eram leitos covid-19. “Mas a se olhar na dentro da Regulação Estadual de leitos de UTI sabe-se que em outros hospitais da região havia leitos vagos. Então, cabe ao Estado sempre remanejar um paciente”, explica.
Fazendo uma comparação em âmbito de Estado com a situação de algumas regiões do Brasil e do mundo, que apresentam hospitais superlotados, com pacientes nos corredores, destaca que a situação é diferente. Tanto no Hospital São José, quanto no Hospital de Estrela, que dá suporte em termos de UTI, não houve dificuldades em conseguir leitos. “Arroio do Meio teve pacientes que foram levados a leitos de UTI devido ao coronavírus e conseguimos de forma rápida a transferência desses pacientes do Hospital São José para o Hospital de Estrela”.
O secretário atribui esta facilidade à organização e ao planejamento prévio entre município – Secretaria Municipal da Saúde – e entidades como o Hospital São José e o Hospital de Estrela. “Já num primeiro momento, tratamos desse fluxo de internação já preocupados com leitos de UTI”.
Reabertura dos postos de saúde
As Estratégias de Saúde da Família/postos de saúde, ainda não têm previsão de reabertura aos atendimentos normais. “Ainda vamos aguardar, pelo menos, um ou dois meses”, informa Gustavo. Isto porque é preciso acompanhar o desenvolvimento da curvatura do coronavírus na região e, neste período, a secretaria ainda precisa contar com toda mão de obra de médicos e enfermeiros dedicados à escala de atendimento criada no início, a fim de garantir atendimento 24 horas, sete dias por semana. “Não teríamos recursos humanos suficiente para atender nesse modelo se não fosse centralizar toda mão de obra na secretaria da Saúde. O próprio o ESF Aimoré, que está atendendo todo o ciclo de gestantes e crianças, está com a equipe dobrada, contando com a mão de obra da equipe de São Caetano, por exemplo. E os demais ESFs, Navegantes, Bela Vista e Rui Barbosa, esses profissionais estão atuando junto da equipe de covid e a clínica, que vem sendo realizada no posto de saúde do Centro”.
Zanotelli exemplifica que, se há uma unidade aberta e uma enfermeira ou médico ficarem doentes, não terá como substituí-los. “Também se geraria um cansaço, um esgotamento da própria equipe do Centro. Então, por isso, já num primeiro momento tomamos a decisão junto à equipe, de trazer todos os colaboradores e dividir em três equipes para que entre eles possam se alternar”. A medida também visa evitar o desgaste físico e psicológico dos profissionais, o que poderia levar a um afastamento das atividades. “Essa foi a maneira que encontramos de conseguir manter 100% da nossa equipe na ativa”, reforça.
Gustavo observa que a reabertura das ESFs e a retomada das atividades normais nestes espaços é um assunto tratado semanalmente em reunião. Contudo, pontua que neste momento ainda é preciso focar na prevenção e no cuidado do coronavírus.
Casos
Até a quarta-feira, Arroio do Meio já tinha 95 casos confirmados. Destes, 71 já estão recuperados, 22 em isolamento domiciliar, um paciente internado na ala covid do HSJ e outro na UTI do Hospital Estrela. 90 famílias eram monitoradas pela Secretaria Municipal de Saúde. O aumento no número de casos também é um reflexo de testes sendo feitos nas empresas. A atualização diária pode ser acompanhada pelo Facebook do AT.