O zagueiro do Ceará, Eduardo Schöreder Brock, 29 anos, é mais um profissional do esporte que está longe do Centro de Treinamento e sem disputar competições. Ele está em Arroio do Meio há 45 dias, juntamente com a esposa Janaína e o filho Lorenzo, de 2 anos e três meses.
A cidade de Fortaleza, que é a sede do clube em que atua, está em Lockdown (fechamento total), devido ao alto número de casos. A reapresentação dos atletas estava agendada para o dia 20, mas a tendência é de que ocorra somente durante o mês de junho.
Brock constatou que o alto número de casos no Ceará está relacionado à falta de respeito às medidas de segurança sanitária e às aglomerações. “Na periferia as pessoas levavam uma vida normal”, revela. Segundo ele, grande parte dos atletas do clube, reside em apartamentos em Fortaleza, o que prejudicava manter uma rotina de treinamentos satisfatória e as próprias condições de qualidade de vida de suas famílias. Por isso, a maioria acabou retornando para os estados de onde são naturais.
O Ceará está invicto nas três competições que disputava – a Copa do Brasil, a Copa do Nordeste e o Campeonato Cearense. Para não perder o ritmo, Brock, treina na casa do sogro Darvil Meneghini, em Dona Rita. Nas terças, quintas e sábados, realiza o treinamento on-line repassado pelo próprio clube e, nos demais dias, conta com o acompanhamento do profissional de Educação Física, Luciano Pretto.
Conforme o zagueiro, apesar da distância, não há perdas no treinamento físico, apenas no coletivo com bola. Porém, a maioria dos clubes sofre com os mesmos impactos. Quanto ao salário, revela que cada clube resolve a situação com os jogadores de uma forma muito particular. O Ceará está pagando 25% a menos a seus jogadores, devido as cotas de TV e repasses de alguns patrocinadores.
O jogador diz que é muito cedo para qualquer avaliação quanto ao retorno das competições e uma forte tendência é de que, neste ano, os jogos ocorram sem público, apenas com transmissões televisivas, pois há um entendimento de que o futebol ajudaria as pessoas a ficarem em casa. Mesmo assim, será necessária uma estrutura para proteger atletas e comissões técnicas, da covid-19. Também entende que não haverá datas suficientes para todos os jogos e sendo necessário sacrificar competições.
A situação em equipes e jogadores das séries B, C e D, ou sem série, que disputam apenas estaduais é ainda mais dramática. Também há impactos diretos na formação de jogadores e categorias de base. Contudo, avalia que antes do esporte voltar, é preciso pensar na saúde da população, e que a superação da pandemia depende de muita união entre todos os setores da sociedade.
Apesar de estar longe dos estádios e arenas, e do distanciamento social, a pausa tem sido importante para Brock aproveitar a família. Seu filho Lorenzo tem sido parceiro de treinos. Eduardo é filho de Ceser e Marlene e irmão de Augusto. No último dia 6, comemorou seu aniversário.