O sonho do intercâmbio se transformou em incertezas para a estudante de Engenharia Civil, Ana Caroline Ziem, de Capitão. Aos 23 anos, ela foi contemplada com uma bolsa de estudos Ibero Americana (Santander Universidades) pelo processo seletivo da Univates, para cursar um semestre no México. Desde 21 de janeiro ela está no país, na cidade de Chihuahua, no estado de mesmo nome. Com aulas presenciais suspensas e em isolamento social, Ana Caroline, assim como outros 170 brasileiros, aguarda uma forma de voltar para casa, visto que não há voos comercias por questões sanitárias.
Tudo ia bem até 23 de março. Assim como no Rio Grande do Sul, a partir daquela data as aulas presenciais na universidade mexicana foram suspensas e passaram a ser on-line. Os espaços turísticos estão fechados e a orientação é de que as pessoas não saiam para a rua sem necessidade, frustrando também o projeto de conhecer o país. Se não bastasse o fato de não poder frequentar as aulas e ter contato com outros estudantes, a passagem de retorno, previsto para 14 de julho, foi cancelada. A capitanense, juntamente com outros brasileiros, pedem auxílio do Itamaraty, por meio da Embaixada Brasileira no México. Dois voos humanitários já trouxeram brasileiros de volta, mas ainda há mais de 170 pessoas, incluindo a jovem, sem previsão de como e quando poderão voltar.
Na casa em que mora, também estavam duas brasileiras, que conseguiram retornar. “Foram conseguidos dois voos humanitários mas, tanto o primeiro voo, realizado dia 23 de abril, como também o segundo, no dia 17 de maio, não comportaram a demanda de todos os brasileiros que aqui estavam. Foi uma forma de abandono premeditado, porque quando acionaram esse novo voo, no dia 17, sabiam da quantidade de brasileiros que aqui estavam, muitos passando necessidades, e nem mesmo esses conseguiram embarcar”, desabafa.
O sonho de realizar um intercambio foi prejudicado pela pandemia. “A incerteza de voltar para casa é angustiante, tanto por estar longe da família em um momento como esse e por não saber quando poderei voltar. Com as fronteiras fechadas no Brasil, os voos comerciais não estão mais decolando. Não temos perspectivas da retomada desses voos, estamos lutando por um terceiro voo humanitário, a repatriação é um direito”.
Diferente de muitos brasileiros, a estudante gaúcha tem local para ficar e, com o planejamento alterado, conta com o apoio de muitos amigos. Diz que os mexicanos, principalmente os chihuahuenses, são muito amáveis. A cidade, com um milhão de habitantes, está com o comércio fechado e somente serviços de necessidade básica operam. “Podemos sair somente para serviços necessários, como ir ao mercado e farmácias, mas somente um integrante por família, e com todo protocolo de cuidados: uso de máscaras, álcool gel, e distanciamento entre pessoas. Autoridades estão multando quem tiver mais de dois adultos no carro, dirigindo pela cidade e rodovias”, conta.
Apesar da situação, Ana Caroline leva a experiência com positividade, vendo o aspecto bom das coisas. “O sonho de estar cursando intercâmbio continua. Mesmo enfrentando uma pandemia em outro país, terei muitas histórias a contar”.
Para ela, o maior desafio do momento tem sido as aulas on-line. “Os professores têm se dedicado muito para transmitir seus ensinamentos, mas não se compara ao aprendizado das aulas presenciais. A falta dos colegas também afeta, eles têm me ajudado muito como intercambista”.
Ana Caroline é filha de Aloisio Ziem e Roselane Ziem. “Ao falar em família chego a me emocionar, espero que todos estejam se cuidando muito. Eles estando bem no Brasil sigo bem aqui no México. Família, obrigada por todo apoio nesse momento difícil que estamos passando, em especial ao meu namorado Leandro. Amo vocês”.