Por um vínculo criado com a família de Jorge e Lonia Maders, as filhas Cândida e Carla tiveram a oportunidade de estagiar na Alemanha, passando aí alguns meses na casa de Erwin Schwäble e esposa Priska, que possuem duas filhas de nome Julian e Annalina.
Seu Erwin optou visitar a família das estagiárias no Brasil por noventa dias.
Ele lembra bem que os seus vizinhos e amigos lhe diziam que neste país, Brasil, só tinha futebol, carnaval, Copacabana e a Amazônia.
Chegando aqui, viu que as meninas tinham razão quando insistiam que nesta região o povo falava alemão.
Foi a ponte que seu Erwin encontrou para conviver com a família Maders e logo se sentiu em casa integrando-se a eles pelo trabalho que realizavam.
De manhã, após o café, vão ao morro e iniciam o corte de cana, levando-a para casa, onde ela será moída e transformada em cachaça e licor.
Ajuda no trato dos animais, nas atividades domésticas, como também racha lenha e prepara a salada picando cebolas, couve e tomate, que serão servidos no almoço.
Nada o faz desistir e, cada dia mais, coloca as mãos à obra nas tarefas da propriedade dos Maders.
Passados alguns dias seu Erwin conhece os vizinhos, participa de festinhas, puxando com o violão canções alemãs e anima o público. É o músico nato.
É um homem que sabe falar do mundo pela experiência de suas viagens realizadas e também participa de conversas corriqueiras que vizinhos e amigos jogam pro ar.
Recebe vários convites para passar alguns dias na casa de moradores de São Luíz, Forqueta, Cruzeiro do Sul, onde consolida e espraia sua amizade e se fortalece pelo conhecimento que adquire dos convidados.
Encanta, desta forma, famílias que se tornam bons companheiros e os moradores já o conhecem quando caminha pelas estradas do interior.
A convite de amigos e famílias tem viajado pelo Rio Grande do Sul, conhecendo a campanha, e as regiões da colonização alemã e italiana. Entende, assim, um pouco as dificuldades dos imigrantes que se estabeleceram neste longínquo sul do país. Também conheceu grande parte de Santa Catarina.
Um dos fatos curiosos foi o de participar do Kerb que o Leopoldo Weizenmann realizou em plena segunda-feira, na sua casa, na Picada Flor. Não conseguiu mensurar a alegria da festa que os embala de cantos e de música fazendo a alegria do local, ecoando aos quatro ventos.
O Erwin pôs fôlego no pulmão e entra na festa. Não sabia que o mundo ainda reservava locais onde o povo se reúne para festejar ainda hoje as já esquecidas festas na Alemanha, de onde se originaram.
Quando da sua chegada em Forqueta, o Coral o levou junto de casa em casa para cantar o “Noite Feliz”, o que lhe emocionou vendo os idosos cantar juntos, criando um clima angelical e místico. As lágrimas caíram e seu Erwin não sabia da hospitalidade e afabilidade do povo que encontrou.
Sem saber, no Camping do Ereneu foi surpreendido com uma festa homenageando-o pelo seu aniversário. Surge mais uma alegria neste encontro pois recebe a notícia de sua esposa de que serão avós. Sente-se então o avô mais feliz e coruja da festa.
É amigo de todos. Estabelece comparações e observa tudo o que vê. Quer saber os mínimos detalhes. Quer saber para onde vendem os produtos e quem vai adquirir os mesmos. Nas hortas identifica as hortaliças e anota a época do plantio e da colheita.
É curioso e atencioso, sobretudo é um amigo sem igual. Trabalhador como um jovem em seu pleno vigor e é alegre como o mundo deveria ser.
Ele encanta e deixa uma marca indelével na Forqueta e na Linha Bitsch Eck.
Foi, durante sua estadia, um homem íntegro e pleno mostrando que a pessoa humana pode trazer e levar um pouco de esperança a todos os lugares. Esta esperança ele deu através do seu abraço e carinho.
Ele não imprimiu este gesto fraternal para si, mas distribuiu uma humanidade calorosa e amiga para todos que aqui encontrou.
Podemos agradecer sua estadia, pois ele nos deixou esperança, carinho e muita vida.
Por isto dizemos: Auf Wiederschen = und Herzlich Willkommen.
Texto: Paulo Alécio Weizenmann