Um desafio que circulou recentemente em vídeos na internet, repercutindo entre crianças e adolescentes, chamou a atenção nas últimas semanas de pais, escolas e da mídia nacional. Chamado, entre outros nomes, de desafio da rasteira e classificado por especialistas como uma perigosa brincadeira de mau gosto, ele pode levar ao traumatismo craniano e danos irreversíveis à coluna, de acordo com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Além disso, pode provocar lesões nas articulações e nos tornozelos.
Nos vídeos, o desafio envolve três pessoas, sendo que uma delas sofre a rasteira e cai de forma abrupta no chão. Essa “trolagem” – gíria que entre o público jovem, significa tirar sarro de alguém – começou a repercutir no país quando um youtuber a divulgou, fazendo com a própria mãe, na internet. Depois do vídeo tornar-se viral, o influenciador reconheceu que a brincadeira é perigosa e pode levar até a morte: “o vídeo parece ser engraçado, mas vocês sabiam que eu podia ter perdido minha mãe por causa dessa brincadeira? Ela poderia ter batido a cabeça e sofrido traumatismo craniano ou qualquer outra lesão irreversível para a vida dela. Por isso estou muito arrependido de ter postado esse vídeo. Em nenhum momento eu pensei que ele seria um viral dessa proporção”, divulgou posteriormente.
O assunto do desafio chegou às escolas e dentro das casas das famílias. De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, os responsáveis pela brincadeira de mau gosto podem responder penalmente por lesão corporal grave e até homicídio culposo.
Quando a conscientização e diálogo cortam o mal pela raiz
Em Arroio do Meio há a conscientização geral de que este tipo de viral não é correto e, muito menos, saudável. Isso é um dos frutos de um trabalho que vem sendo reforçado há mais tempo dentro da rede municipal de educação, por meio de atividades e projetos desenvolvidos nas escolas, além da valorização do diálogo com os estudantes e famílias. Este consenso, principalmente por parte dos jovens, é motivo de orgulho, segundo as coordenadoras pedagógicas da secretaria de Educação, Marlise Führ e Elenice Lorenzon. A rede trabalha a importância do acolhimento nas escolas e dos valores.
“São situações que a escola vai tratar dentro deste contexto que ela já vem trabalhando. Novas manifestações de violência vão ganhando espaço à medida que família e escola não estiverem atentas ao que está acontecendo. Dentro deste contexto educacional, e dos projetos, observamos que aqui, ambas estão muito atentas a isso”, complementa Marlise. Ela ressalta que os próprios alunos tomam conhecimento de situações como a do desafio e o consideram agressivo, não o propagando, o que corta o mal pela raiz. “Eles têm a perspectiva de que pode machucar e não é uma coisa legal”.
Elenice acrescenta que é importante debater sobre a situação e ouvir o que os jovens pensam a respeito. “E dessa forma percebemos o quanto eles estão maduros”. Ela enfatiza que é o resultado de um conjunto de ações que vão criando nas crianças e adolescentes uma consciência do que é certo e do que é errado, formando desta forma um cidadão melhor.