E as previsões do tempo mais uma vez nos contemplaram com uma boa chuva, no final desta quarta-feira, 15. Na sexta-feira última, já tivemos precipitações significativas, previstas e anunciadas e, desta vez, não foi diferente.
No momento em que comecei a escrever este texto, me deliciava com o barulho da chuva nos telhados, acompanhado de uma leve rajada de vento, representando uma revitalização da natureza, diante do quadro de sede que a terra e nós todos estamos passando. Foi, verdadeiramente, gostoso escutar esses sons perfeitos e sintonizados.
Meu único temor foi que o pouco de vento que se fez presente pudesse nos trazer novas situações de falta de energia, como ultimamente vem se repetindo. Porém, felizmente fomos poupados e a própria concessionária deve ter se sentido aliviada, por não precisar recorrer e depender das ordens vindas do interior de São Paulo e depois de São Leopoldo para poder deslocar-se aos locais onde acontecem os problemas.
É evidente que o assunto principal, no conjunto do setor agropecuário, segue sendo a estiagem e as suas consequências. Sabe-se hoje que o número de municípios gaúchos que já decidiram decretar Situação de Emergência ultrapassa a casa de 33 cidades e dentre estas está Arroio do Meio.
Esse procedimento baseia-se em dados levantados e que apontam as perdas dos produtores rurais e, consequentemente, dos Órgãos públicos. A partir deste ato oficial, esses municípios poderão buscar apoios junto aos governos Estadual e Federal, além de efetuarem investimentos com recursos próprios.
No âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, os levantamentos feitos por técnicos da Secretaria de Agricultura e da Emater indicam perdas nas principais lavouras, podendo ultrapassar o percentual de 20% na cultura do milho e próximo a 10% na de soja. E na atividade de produção de leite, a diminuição desde o início de janeiro situa-se em torno de 8%, o que representa cerca de um milhão de litros a menos por dia que as indústrias recebem.
ALGUMAS MEDIDAS
O Governo do Estado instituiu uma Comissão Especial, a partir de seus quadros técnicos e participação de entidades do setor agropecuário, para debater e viabilizar formas de apoiar os produtores que estão tendo prejuízos com a prolongada seca.
Enquanto o governador afirma que o que estiver ao alcance do Estado será feito, diz ainda que se empenhará, dentro de suas possibilidades, para buscar junto ao Governo Federal o atendimento das principais reivindicações. Na verdade, além da necessidade de sementes, de milho, para a tentativa de uma segunda safra, o que poderá ser cobrado do Estado, e a prorrogação dos pagamentos do Programa Troca-troca de sementes, as demais questões pautadas terão como destino o Ministério da Fazenda e da Agricultura, casos como a prorrogação de todas as dívidas dos produtores que tenham origem no crédito rural, prorrogação das parcelas de todos os contratos de investimentos, repactuação, em até 10 anos dos valores do crédito agropecuário e criação de linha de crédito emergencial.
Cabe também o registro da frustração da safra de feijão no nosso Estado. A oferta do produto será pequena e aí os efeitos da lei da oferta e da procura certamente se farão sentir.