Aos poucos retomamos a rotina das nossas atividades depois das comemorações de Natal e, na sequência, do Ano Novo.
Os que lidam com a agropecuária, de forma unânime, lamentam a falta de chuvas, situação que está causando enormes prejuízos aos produtores rurais, devido à estiagem já bastante prolongada. E com certeza, a nossa região toda, também os que se encontram nos centros urbanos, sentem igualmente os efeitos da inclemência do tempo.
Eu quero mais uma vez fazer uma referência à sabedoria dos sacrificados agricultores, em especial aos que têm uma “juventude mais prolongada”, ou seja, uma maior experiência acumulada. Pois, lá atrás, em agosto e setembro do último ano, quando em função das excessivas chuvas não foi possível realizar o plantio das lavouras de milho, vários produtores alertavam quanto ao risco de termos períodos de escassez de chuvas no momento mais importante da safra deste ano. Essas projeções se confirmam, causado as enormes preocupações e frustrações.
Apesar da importância da tecnologia, atualmente em uso, para as previsões de tempo, esta sabedoria, este conhecimento que é transferido ao longo de décadas, de gerações em gerações, tem um elevado grau de credibilidade e de confiabilidade.
Efetivamente, há muito tempo não tivemos uma “virada de ano” tão angustiante, tão desesperançosa como esta recente para as atividades na agricultura. As culturas de milho e soja, principalmente, estão comprometidas e causarão consequências que se farão sentir mais intensamente ali adiante.
O setor de produção de leite é, possivelmente, o mais afetado em um primeiro momento. Sem pastagens verdes e a falta de água potável para os rebanhos, fazem com que a produção tenha uma diminuição drástica, com milhares de litros a menos diariamente.
A decretação de Situação de Emergência é uma medida legal que vários municípios do estado vêm tomando. Trata-se de um ato que, com o devido reconhecimento da Defesa Civil do Estado e, após, da União, credenciam esses Órgãos Públicos a reivindicarem um apoio dos Governos.
Existem critérios para essa atitude dos municípios, mas quando os prejuízos somam cifras expressivas, torna-se necessário assim proceder, para não deixar abandonados os setores produtivos e até para justificar eventuais destinações de recursos próprios, dos municípios, em Programas especiais de auxílio, por exemplo, no caso de falta de água para o consumo humano e dos rebanhos de animais.
Outro assunto que é lembrado neste momento de dificuldades é o Seguro Agrícola. A princípio, as lavouras financiadas, com recursos buscados através de empréstimos bancários, possuem um seguro vinculado, oficial. Mas dificilmente este modelo de seguro contempla ou cobre a integralidade dos prejuízos.
O governo federal já acenou com uma ideia de alteração do sistema de seguro, possibilitando que o produtor busque, por iniciativa própria, a contratação junto a empresas privadas, onde cada qual opta pela modalidade mais conveniente, ampliando a cobertura para todos os itens que entram no plantio de uma lavoura, desde os serviços de máquinas, mão de obra, insumos, etc. O momento é próprio para uma discussão mais aprofundada a respeito do tema.
Quem sabe este final de semana venha a ser mais generoso conosco e nos proporcione uma mudança do clima, trazendo água, umidade e novas esperanças.