O ano recém começou, mas as expectativas sobre ele já são grandes. 2020 promete retomada na economia e, ao mesmo tempo, é ano de eleições municipais, o que amplia as perspectivas. Política e economia estão diretamente ligadas, embora o pleito municipal tenha menos interferência sobre a economia.
Para o secretário de Fazenda de Arroio do Meio, Márcio Zimmer, o consumo das famílias brasileiras deve acelerar no primeiro ano da nova década, crescendo em relação ao ano anterior. O bom desempenho do consumo privado no final de 2019, e em 2020, deve ser impulsionado por fatores como os saques do FGTS e aumento do crédito em decorrência dos juros mais baixos e limite de juros do cheque especial, causando menos endividamento. “Este último fator também deve ajudar a elevar o nível de investimento em 2020. Também há projeção de uma melhora no cenário da construção civil, que deve crescer em 2020”, projeta. Em âmbito municipal, o setor primário e a indústria de transformação de alimentos são os mais destacados na expansão. Comércio e Serviços vêm logo após.
Por ser ano de eleições, a legislação proíbe transferências voluntárias do Governo Federal para municípios a partir de julho, seja por meio de repasses diretos ou convênios. “O que foi iniciado antes desta data, segue normalmente. O objetivo dessa previsão é evitar que, num ano eleitoral, haja contingenciamento de tais recursos como forma de pressão político-partidária, juntamente com o possível aumento dos recursos do fundo partidário que está nas mãos do Presidente da República, para sanção ou veto”, informa.
Em termos globais, Zimmer destaca que 2020 começa adicionando doses altíssimas de imprevisibilidade, com a crise Estados Unidos-Irã. “Se um cenário internacional travado já não era uma boa notícia para a economia brasileira neste novo ano, o aumento das incertezas acumuladas só contribui para complicar um pouco mais a recuperação doméstica. Desemprego, aumento das desigualdades e movimentos migratórios continuam em 2020”.
Por outro lado, o secretário observa que o encaminhamento de um acordo entre EUA e China deve amenizar os efeitos da guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. Da mesma forma, a perspectiva de uma definição próxima para o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia –, com a vitória do conservador Boris Johnson nas eleições britânicas de dezembro, melhorou as perspectivas para o comércio internacional. “Além disso, um fator positivo para a economia brasileira é a estabilização e melhora em indicadores da economia chinesa, que deu sinais de desaceleração ao longo de 2019, para aquisição de matéria prima na importação”, pontua.
Em uma perspectiva interna, Márcio projeta que a ampliação do crédito, como consequência da queda dos juros, são fatores importantes para que o Brasil alcance uma retomada sólida do crescimento: a continuidade de medidas que melhorem a situação das contas públicas e uma melhora no ambiente de negócios no país. “A agenda de reformas do governo federal, deverá ser mantida para que estas condições sejam cumpridas”, avalia.
Indústria e comércio
Para o economista e diretor da CIC Vale do Taquari, Oreno Ardêmio Heineck, independente do tamanho da empresa, alguma forma de planejamento será necessária. Salienta que mesmo sendo informal, de alguma maneira, aquele que arrisca seu capital para ter seu próprio negócio no comércio e na indústria, tenta prever o futuro para ver que rumo tomar. “Depois de seis anos de economia estagnada, no segundo semestre de 2019 tivemos leve retomada do crescimento. Ainda tímida, mas indicando tendência consistente neste sentido. Este é o primeiro fator importante positivo para 2020: o país deve voltar a crescer. Não é sonho, mas baseado em indicadores firmes. Nestes destaca-se a implantação das reformas estruturais essenciais à economia nacional: a da previdência (já aprovada), a administrativa, a fiscal e a política”.
Para Ardêmio, a pauta prevista para este ano não é uma questão de posição contrária ou favorável ou de direita ou esquerda. “Ou o Brasil faz as reformas ou fica para trás em relação a outros países. Com elas estancamos o grande câncer nacional: o déficit público que impede o Governo de fazer os investimentos básicos para o país crescer (estradas, portos, aeroportos, ferrovias, saúde e educação eficazes para a população). Não que Dilma e Temer não tivessem tentado. Mas o ambiente político não os ajudou. Isso, então, consolida a boa perspectiva para 2020. Outros fatores são os conjunturais, difíceis de prever. Mas não vislumbro nenhum fato, insuperável e que impacte profundamente a economia mundial, negativamente, neste ano”.
O economista acredita que o comércio e a indústria vislumbram dias melhores em 2020, podendo preparar-se para abocanhar este mercado adicional que surge. Para as indústrias que exportam para outros países, melhoram, aos poucos, as condições para que tenham mais competitividade no mercado externo. Para quem atua no mercado interno, esse cenário positivo, aliado à queda gradativa do desemprego, deve elevar o consumo, que se reflete no comércio, que tende a aproveitar, com criatividade, as diversas datas festivas do ano para picos de vendas. “Contudo, a saída desta crise em que estamos e que nos causa problemas diários, é gradual, vagarosa. Por isto, nossa caminhada também deve ser cuidadosa, sem grandes aventuras, principalmente endividamentos, além de extrema parcimônia na hora de comprar dos fornecedores”.
Ardêmio observa que uma preocupação que se deve ter é com a agropecuária, principalmente a agricultura familiar. “Noto um descaso crescente com este segmento. Nosso e das políticas públicas. Bom não esquecermos que, além da alimentação essencial que produzem, sua renda é importantíssima para o comércio e as economias dos municípios. Por isto, tanto industrialistas quanto comerciantes, neste ano de eleições municipais, não devem se omitir, mas ajudar na formação de boas administrações municipais, que tenham visão ampla de toda a economia municipal”.