A segunda-feira, dia 26, ficou marcada pelo arremate do imóvel de 1,459 hectare onde já esteve instalada a empresa calçadista Incomex, no bairro Bela Vista, Arroio do Meio. Dois grupos empresariais, um arroio-meense e outro lajeadense, deram lances na venda realizada pela Cargnelutti Leilões de Ijuí, no Ritter Hotéis, em Porto Alegre. O valor da negociação, que partiu de R$ 1,152 milhão fechou em R$ 2,6 milhões, mais R$ 130 mil de comissão ao leiloeiro.
A compra encerra uma série de tentativas de vendas frustradas em meio a litígios judiciais, e abre novas perspectivas para o desenvolvimento econômico do bairro que no passado protagonizou o segmento industrial do município. A área que possui um prédio com 6.175 m² está ociosa há mais de uma década.
Os proprietários da Bioideal, atacadista e distribuidora de produtos naturais, de Arroio do Meio, que arremataram o bem com recursos próprios, não divulgaram detalhes do que pretendem desenvolver no local, mas estão otimistas pelo fato de terem a oportunidade de poder investir em uma área nobre e estratégica.
Presente nos atos, o prefeito Klaus Werner Schnack, destaca o empenho da secretaria da Indústria, Comércio e Turismo em buscar sensibilizar o Banco do Brasil em continuar oferecendo o imóvel nos leilões, que já fazia parte dos ativos nacionais da instituição, o que dificultava a transação devido à distância para interlocução, além dos imbróglios judiciais que afastavam investidores. “O fato do bem sair da posse do banco e voltar para a iniciativa privada já desengessa possibilidades. A área que era favorável à proliferação de animais peçonhentos, insetos e invasão, volta a ter atenção e futuramente pode ser importante para geração de emprego e renda”.
O coordenador da secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, Carlos Henrique Meneghini, comemora o resultado do sexto leilão do imóvel. “Mesmo que não tenha sido anunciado nenhum investimento mais concreto, a aquisição já sinaliza algo positivo em um futuro próximo”.
Comunidade está com boas expectativas
A comunidade também está ansiosa com o futuro e com grande expectativa na diversificação da economia. O casal Ernani e Neidi Schuster, proprietários de um restaurante, acreditam que haveria facilidade de empregar 150 pessoas. “Há muitas pessoas que não gostam de trabalhar em fábricas de calçados e gostariam de outras oportunidades. Soubemos de investidores de prestação de serviços, que precisam de eficiência logística, terem sondado a área. A vinda de um empreendimento pode refletir em milhares de reais a mais circulando na microeconomia, e beneficiar diferentes segmentos, desde comércio, transporte de ônibus à produção de alimentos”, dimensionam.
Já a lojista Ana Paula Schmitt Rockenbach, acredita que o fato trará impactos mais circunstanciais na economia local do que as medidas anunciadas pelo novo governo. “No passado, antes da Incobel/Atlas sair não fechávamos ao meio-dia, pois neste horário muitos clientes circulavam na loja. Tomara que estas novas empresas permaneçam aqui por décadas, pois para o comércio é essencial que pessoas diferentes circulem pelo bairro”, estima.
O farmacêutico Marcelo Saldanha Martins, também detectou uma queda de movimento nos estabelecimentos comerciais em comparação com outras épocas. Ele acredita que a movimentação de pessoas empregadas e com renda deve impulsionar a venda de diversos artigos além dos carros-chefes de cada segmento.
Outros prédios disponíveis
Arrematado em março de 2015 por R$ 1,76 milhão por um grupo de investidores de Santa Catarina, o imóvel da antiga matriz da massa falida da Calçados Majolo, localizada em Rui Barbosa, segue ocioso. A matrícula soma área de aproximadamente dez mil metros quadrados; instalações físicas, onde funcionavam escritórios, pavilhão industrial e refeitório, e equipamentos como mesas, cadeiras e ar-condicionado.
Outro prédio disponível é o da antiga fábrica de Balas e Chocolates Wallérius, no bairro Navegantes, que recentemente teve sua chaminé desmanchada.
A dificuldade de o poder público atrair interessados está ligada ao fato de serem estruturas muito antigas e com pé direito baixo para os padrões de estoque, expedição e logística atuais. Os investidores têm preferido construir pavilhões menores ou projetado as novas plantas industriais de forma mais padronizada.