Em fase de conclusão, uma pesquisa realizada pela Famurs junto aos municípios gaúchos, apontará a qualidade do serviço de telefonia móvel e internet no meio rural. Dados parciais apontam que o sinal de telefone móvel é considerado ruim na metade dos municípios pesquisados até agora. O estudo aponta ainda que o sinal de internet também é ruim. “A pesquisa será aplicada em aproximadamente 300 municípios”, afirma Justine Roesler, do departamento de pesquisa da Famurs. Os dados serão apresentados em um seminário do Ministério Público que deve ocorrer no fim de setembro.
Outra coleta de dados, esta realizada em 2013, também pela Famurs, apontou que a telefonia móvel foi considerada na época insatisfatória no interior do Estado. Para 91% dos municípios localizados em zonas rurais, a qualidade do sinal de celular era regular ou péssima, situação apontada com entrave para o desenvolvimento das regiões.
Em Capitão não é diferente. O sinal de telefonia móvel deixa a desejar em áreas rurais do município, confirmando os apontamentos da pesquisa. Em determinadas localidades o sinal é fraco ou até mesmo inexiste. Gustavo Berté, morador de Linha Zanotelli, interior de Capitão, mora a aproximadamente 500 metros da antena da operadora Vivo, que pode ser visualizada dos fundos da residência. Porém, a proximidade não reflete em boa qualidade do sinal que frequentemente cai, deixando o morador sem telefone e sem sinal de internet.
Gustavo conta que o problema se intensificou há dois meses. De lá para cá o sinal cai com frequência e leva entre três e quatro horas para voltar ao normal. Em algumas ocasiões o apagão se estende durante todo o dia e em outra, ocorrida recentemente, perdurou por dois dias seguidos. “Quando cai o sinal não tem jeito. Não pega em lugar algum”, revela.
O sistema de telefonia móvel é imprescindível para a família que trabalha com o sistema integrado de suínos e necessita com frequência contatar o técnico e a integradora para resolver problemas relacionados aos animais. Por isso, um plano de internet foi contratado para suprir a necessidade da propriedade. “Dessa forma conseguimos enviar mensagens via whatsapp e contatar a integradora. Caso contrário estaríamos incomunicáveis”, desabafa.
Sinal pior tem a operadora Claro que praticamente inexiste na residência dos Berté. Elgio, pai de Gustavo, obrigou-se a cancelar o plano da operadora por não conseguir utilizá-lo. “Estava pagando cerca de R$ 200 por mês sem poder utilizar o serviço. Por isso precisei ir a Lajeado para cancelar o plano uma vez que por telefone não tive êxito”, lembra.
Perto dali, na localidade de Linha São Jacó, o problema persiste. Para se comunicar o casal Helmut Telöken e Arlete Castoldi utilizam o telefone fixo, uma vez que nenhuma das operadoras de telefonia móvel oferece condições de uso. Na tentativa de solucionar o problema, o casal trocou de operadora de Vivo para Claro, porém sem êxito. Chegaram até comprar uma antena repetidora para melhorar o sinal, o que foi em vão. “Para fazermos ligações precisamos subir em pontos mais altos”, fala.
Ao questionar o técnico sobre o sinal da operadora que é ruim, Arlete foi informada que a baixa qualidade do sinal ocorre muitas vezes pela localização das residências que estão situadas em baixadas e rodeadas por matas e morros, o que pode interferir na transmissão do sinal.
Vivo se pronuncia
Referente à reclamação dos usuários, a assessoria de comunicação da operadora Vivo informou em nota que os serviços funcionam normalmente no município de Capitão/RS. A empresa reforça que mantém o monitoramento da rede com o objetivo de oferecer ainda mais qualidade para os moradores e empresas da região. Já a operadora Claro, que também foi contatada, não retornou o e-mail sobre a qualidade do sinal.