No linguajar popular, o ano inicia propriamente dito, depois do Carnaval e da volta às aulas e diria ainda, passado o período de férias.
Pois a maior festa brasileira se foi, as aulas estão reiniciando, com as escolas de Educação Infantil já mais cedo, as Escolas de Ensino Fundamental voltam à normalidade a partir da próxima semana, o Ensino Médio, com exceção de algumas Escolas Estaduais, também retoma as atividades, ocorrendo o mesmo com os universitários. Já por sua vez, os trabalhadores estão colocando em dia os seus períodos de férias e o tempo de praia aproxima-se do final de temporada. Então, de fato, restabelece-se uma “normalidade”, sem deixarmos de lembrar que 2018 será um ano muito agitado no campo político, considerando o calendário eleitoral e todos os fatores que o cercam.
Especificamente sobre as eleições deveremos, em um momento oportuno, fazer considerações, ainda mais que o próximo pleito terá algumas novidades em termos de regras e com um forte anseio e apelo dos eleitores em escolherem representantes que ajudem a combater vícios e atitudes ilícitas que ultimamente nos tem mostrado tantos fatos inaceitáveis.
Mas eu desejo, neste espaço de hoje, repetir o que faço anualmente, trazendo uma breve reflexão sobre dois fatos importantes, no campo da vida social, religiosa, com o envolvimento de entidades e órgãos que representam igrejas, movimentos sociais e classes de trabalhadores.
Destacaria, em primeiro plano, a realização, na última terça-feira, dia de Carnaval, da 41ª edição da Romaria da Terra, no município de Mampituba, diocese de Osório.
Mesmo não estando lá, sabe-se que milhares de pessoas compareceram ao grande evento programado pela Comissão Pastoral da Terra, “que nesses quarenta anos, pela primeira vez, colocou como tema a relação das mulheres com a terra, suas causas, lutas por espaço, igualdade de gêneros, denúncias de violências contra as mulheres e histórias de vida e superação”, como diz o material de divulgação do encontro.
E o lema da Romaria foi “Mulheres Terra: resistência, cuidado e diversidade”.
Acho que os organizadores desta 41ª Romaria da Terra foram muito felizes em sugerir o tema e o lema, olhando para a história da mulher brasileira, tanto a que trabalha no meio rural, como a da fábrica, das profissionais de todas as áreas, por sempre serem tratadas como pessoas inferiores, sofrendo muitos tipos de discriminação, de violência, de agressões, com salários menores mesmo fazendo funções iguais aos homens. Especialmente a trabalhadora rural tem uma história de lutas, pois somente a partir de 1991 passou a ter direito a benefícios de aposentadoria e o direito ao voto, por exemplo, ela conseguiu um pouco antes.
O segundo assunto a destacar é a Campanha da Fraternidade de 2018, lançada na quarta-feira de cinzas, pela CNBB, com o tema “Fraternidade e Superação da Violência”.
As estatísticas diárias assustam e causam tristeza quando olhamos para os fatos relacionados a todos os tipos de violência. No trânsito, nas guerras de grupos, no âmbito das famílias, em consequência da intolerância, da disputa por espaços, pela falta de fraternidade, pela falta de sentido da vida, muitos indivíduos não hesitam em matar, em tirar o direito de outros terem uma vida digna. Diminuiu o respeito às coisas dos outros, ao patrimônio alheio, seja de ordem particular, ou de empresas, sociedades, entidades beneficentes.
Vivemos, todos, momentos de muita aflição, de incertezas, de falta de bons exemplos vindos “de cima”, ou seja, de governantes, de superiores, de investidos em cargos públicos, que muitas vezes ensinam como se faz para ter uma vida de facilidades, de privilégios, de benesses.
Perdas com estiagem
O Brasil e o Rio Grande do Sul estimam que terão, respectivamente, quebras de 6% e de 7% nas colheitas de grãos neste ano. A nível de país os prejuízos estimados somarão em torno de 14,5 milhões de toneladas. No Estado o “La Niña”, infelizmente, deixa a sua marca, em especial na região Sul e fronteira com a Argentina onde a falta de chuvas já se prolonga por algum tempo.