Buscando cravar nas costas do rio Jacuhy um ponto mais avançado na então fronteira gaúcha, os portugueses encontraram, em princípios de 1750, uma pequena aldeia de índios botucaraís, próximo a uma cachoeira do mesmo rio.
Cativados pela jovialidade dos índios e pelas festas que fizeram no encontro das duas raças, os portugueses deram à queda d’água o nome de Cachoeira do Fandango, pelo qual passou a ser conhecida também a região das cercanias.
Uma importante figura da História brasileira, acreditava demais que ali era o lugar ideal para o que pensava fazer.
Tratava-se de uma aposta que estava sendo feita por Gomes Freire de Andrade, militar e político português, futuro Conde de Bobadela que já havia sido Governador e Capitão Geral do Rio de Janeiro e Governador das Capitanias de Minas Gerais e São Paulo.
Após o Tratado de Madrid (1750), Gomes Freire, então com 65 anos, representou a Coroa portuguesa na Comissão encarregada de demarcar os limites entre as possessões portuguesas e espanholas, no Sul do Brasil.
Ele mandou construir, na Região da Cachoeira do Fandango, o Forte Jesus Maria José de Rio Pardo, ali encravado para montar guarda aos depósitos de víveres, destinados a abastecer a fronteira.
Em torno do Forte, foram sendo edificadas as casas de quem buscava uma segurança maior contra um eventual ataque de índios – não raros à época – e também pela natural tendência gregária de quem desfrutava do convívio com aquela região.
A verdade é que, em 1779, foi criada a Freguezia da Vila Nova de São João da Cachoeira e, a 26 de agosto de 1819, por determinação expressa de D. João VI, Cachoeira desmembrava-se de Rio Pardo e criava-se o cargo de Juiz de Fora, além de outras atribuições judiciárias, para os dois municípios.
A primeira Câmara Municipal, por exemplo, foi empossada menos de um ano depois (05 de agosto de 1820).
De Gomes Freire de Andrade sabe-se que nem todas as suas atitudes na Província do Rio Grande foram edificantes.
Do seu curriculum consta a chacina de índios aldeados nas Reduções Jesuíticas espanholas cuja região, pelo Tratado, passava a ser portuguesa o que custou a vida de Sepé Tiarajú – a 07 de fevereiro de 1756 – nas proximidades de São Gabriel.
De bom restaram, na Região, Cachoeira do Sul e Rio Pardo, antigas Vila Nova de São João da Cachoeira e Capela Curada de Santo Ângelo de Rio Pardo.
Uma busca no velho baú da História sempre nos leva a encontrar coisas boas e más.
O que vale também para o mundo, não é mesmo?