Quem acompanhou o teor desta coluna na semana passada, fazendo referências ao encolhimento da atividade de produção de leite em consequência de alguns fatores, dentre esses a falta de mão de obra, poderá compreender, sem maior esforço, o motivo da ênfase a um novo projeto que a Dália Alimentos ou a Cooperativa de Suinocultores de Encantado (Cosuel) começa a desenvolver, que é o sistema associativo de produção de frangos de corte.
A partir do momento em que a Dália Alimentos definiu a instalação dos empreendimentos de uma planta de um frigorífico de aves, fábrica de rações e indústria de farinha, na localidade de Palmas, cujas unidades deverão estar implantadas até o ano de 2020, iniciou também o planejamento para o futuro abastecimento do abatedouro, com matéria-prima, com a projeção de abate de 2,2 milhões de frangos por mês.
Na avicultura, sistema integrado, a realidade não difere muito das cadeias do suíno e do leite, que apresentam dificuldades, não apenas de ordem econômica, com a gradual diminuição de ganhos/sobras, mas, sobretudo dizendo respeito à debatida questão da sucessão familiar, tendo cada vez menos força de trabalho para desenvolver as atividades nas pequenas propriedades rurais, a agricultura familiar.
As exigências de adequações das instalações, que não é somente iniciativa das empresas integradoras, mas impostas também pelo mercado consumidor, principalmente os importadores, vêm, pouco a pouco retirando da cadeia produtores que não se animam mais a realizar investimentos que em alguns casos somam valores consideráveis. São casos de agricultores que já se encontram em uma faixa etária um pouco mais avançada e que não têm no núcleo familiar pessoas de menos idade que queiram seguir com o negócio.
Por essas situações referidas, cresce a importância e o interesse sobre o anúncio dos Condomínios Avícolas da Cosuel, em sua área de ação, projetando inicialmente a instalação de oito núcleos e um total de 64 aviários, ou seja, no mínimo oito aviários para cada grupo de 18 produtores.
O modelo de gerenciamento e de funcionamento possivelmente seguirá o adotado nos condomínios de leite, que visa a organização das tarefas em um sistema associativo, concentrando a mão de obra em uma propriedade, onde as jornadas de trabalho e as tarefas podem ser previamente escalonadas e distribuídas, conforme as condições e as possibilidades de cada membro.
Há de se destacar a racionalidade deste sistema onde os custos de produção podem ser diminuídos e adequados, desde os mínimos detalhes, como a infraestrutura, onde entra a questão do acesso, abastecimento de água, de energia, demais insumos, além de aspectos técnicos, como a assistência, a uniformidade e controle da produção. Com tudo isso, possivelmente a remuneração do produtor será igual e os resultados dependerão do esforço coletivo, ou seja, no princípio cooperativo onde cada um trabalha voltado para o grupo e o conjunto se preocupa com cada membro.
O projeto dos Condomínios Avícolas necessitará, com certeza, de parcerias com municípios, mas esses entes públicos também terão compensações com o acréscimo em seus retornos, graças ao valor adicionado que refletirá os investimentos.