Há assuntos que são “quase” exclusividade de algumas pessoas, tantas são as vezes em que elas se surpreendem falando ou pensando neles.
No caso do assunto de hoje, suspeito que você já tenha se encontrado remoendo cada palavra destas, no mínimo meia dúzia de vezes.
Quantos anos a gente leva para chegar aos 10 anos de idade? Sei, sei que a resposta que parece óbvia é “10 anos”, mas também sei que, numa análise comparativa, você já entendeu o que eu quero dizer.
Os primeiros 10 anos da vida de qualquer pessoa, são aqueles dos compromissos mínimos, horas incontáveis de não fazer nada e, o fato de tudo ser novidade, faz com que a expectativa de cada novo dia ganhe um colorido ainda maior, o que quase significa dizer “puxa, como o tempo está custando a passar!”.
Se você teve a sorte de viver uma infância de momentos felizes, posso imaginar o tempo se escoando bem devagar até o dia seguinte, quando você voltaria a vencer a noite e acordar em meio a um dia pleno de luz e convites à diversão.
No caso contrário, com muito mais razão, você gostaria que o tempo corresse (não é mesmo?), para que o lado bom da vida logo mostrasse a intensidade de toda a sua beleza. É justamente aí que o tempo anda lento, como aquelas flores que levam seis meses para alegrar-nos, até chegarem ao melhor do seu esplendor e poucas horas para deixar-nos tristes, quando se fecham até o ano seguinte.
Digamos, então, que os primeiros 10 anos de vida levam, no mínimo, 20 anos para passar.
Dos 10 aos 20, a demora já vai até depender das dificuldades enfrentadas por um e outro mas, de qualquer forma, o resumo é simples: demora muito se tudo for bom, porque a expectativa do dia seguinte estica o tempo; e também demora muito se a vida machuca, pela ânsia de que o tempo traga dias melhores. Digamos que, dos 10 aos 20, a vida leve 15 anos para passar.
Aos 20 anos, com certeza, todos já encontramos maiores responsabilidades, encargos e desafios e a vida passa, no mínimo, dentro do normal. A caminhada até os 30 é feita em 10 anos. A partir daí, é como aconteceu nesta conversa. O espaço utilizado para falar dos primeiros 30 anos, foi muito maior que o dedicado a todos os anos restantes o que não quer dizer que as esperanças e expectativas desapareçam com o tempo. Nada disso; elas apenas começam a trazer a ideia de que já as sentimos antes e, mesmo que possam mudar (e mudam), as cores já não despertam a emoção das novidades.
A tarefa de cada um, a partir daí, para fazer a vida valer a pena, é descobrir sempre novas e fascinantes cores para pintar o tempo fazendo, do que resta, uma paisagem instigante e cheia de horas felizes.
Porque, agora, talvez seja menor a quantidade de areia que ocupa a parte de cima da sua ampulheta e maior a quantidade de areia (Tempo), que se deposita, inerte, na base que sustenta a ampulheta (Vida).
Mais do que nunca, é preciso gerenciar o que ainda não escoou.
Você tem utilizado bem o “saldo” de tempo que resta na ampulheta da sua vida?