Arroio do Meio – A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que neste ano comemora seu centenário, busca incentivar cada vez mais a participação dos cristãos leigos nas comunidades e na sociedade. A participação dos leigos foi o tema central da 54ª edição da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada neste mês, em São Paulo. Durante 10 dias, entre outros, a igreja discutiu o tema “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da terra e luz do mundo”.
Este foi o segundo ano que a CNBB debateu a questão dos cristãos leigos e as conclusões acerca do tema deve se tornar um documento de estudos. Historicamente a igreja católica é clerical, centralizada nas hierarquias do papa, bispos e padres. E a ideia é que os leigos sejam mais participativos na igreja e na sociedade, tomando a frente de questões que não necessitem, obrigatoriamente, a presença do padre, por exemplo.
O pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padre Alfonso Antoni, salienta que o Concílio do Vaticano II, realizado nos anos 1960, já fez uma virada muito grande ao propor pensar a Igreja como o povo de Deus, a comunidade. “A compreensão de igreja vem a partir do batismo, de se pensar como comunidade, o povo de Deus, a nossa igreja, no sentido de pertencimento. Existem muitos serviços, Ministérios, funções ou tarefas que podem ser exercidas por leigos e não são mais ou menos importantes daquelas exercidas pelos religiosos. A CNBB vem discutindo a questão para conscientizar as pessoas sobre o papel do leigo enquanto cristão, tanto na igreja quanto na sociedade”, destaca o padre.
Ele explica que na vida interna da igreja há diferentes serviços cujo protagonismo dos leigos está amadurecendo, passando a serem sujeitos da vida da igreja e não apenas cumpridores de tarefas. “Como hoje já vem sendo feito aqui na paróquia, com os leigos assumindo diferentes serviços nas comunidades como a parte administrativa, a liturgia, a animação, a catequese, muitos grupos de trabalho, com coroinhas, ministros. Aqui temos uma boa caminhada”, frisa.
Neste sentido, complementa que a discussão da CNBB é um convite para que cada um assuma sua responsabilidade pela vida da paróquia, que não é, ou pertence, ao padre ou ao bispo. “Esse trabalho de conscientizar para o ‘eu sou responsável’ é para que cresça o envolvimento de todos na vida da igreja. Todos somos a igreja, não o padre, o bispo, a irmã”, observa.
Além de participarem da vida da igreja, os leigos são conclamados a se conscientizar do seu papel na sociedade. “O padre não está na política, na economia e nos demais campos da sociedade. A missão do leigo é estar lá para, através do seu agir, sua prática e testemunho, ser a igreja também. Defender, com os princípios do Evangelho e a fé cristã do amor, a justiça, a solidariedade e a vida”, destaca o pároco, reforçando que todos devem defender os princípios cristãos, do Evangelho, através da posição ética e coerente no dia a dia. “Não apenas dizer em nome de Jesus, mas ser um sinal vivo do Evangelho”.
Pensando em fortalecer e ampliar a participação de pessoas leigas, a Paróquia está formando um Grupo Conselho de Pastoral. Trata-se de um grupo que vai pensando o planejamento pastoral da paróquia. “Nossa tarefa como igreja não é se reunir só para rezar, mas ter uma participação ativa na vida da sociedade também. A vida acontece lá fora. A vida cristã não pode se resumir à reza. O Cristianismo se dá na prática do amor, na vivência das relações”, salienta Antoni.
Em Arroio do Meio e na maioria das comunidades, são os leigos que conseguem tornar a igreja viva e dinâmica, seja por meio do trabalho nas diretorias comunitárias, na catequese, como ministros, nos grupos de jovens, de apostolados e tantos outros. A comprovação e a importância destas pessoas estão sendo vivenciadas pela comunidade católica especialmente neste ano, por ocasião da celebração do centenário da paróquia. Nas celebrações nas comunidades vê-se a importância que a igreja teve ao longo do tempo para a vida dos cristãos leigos em diversos campos, como saúde, educação e o próprio desenvolvimento social. “Estamos vendo como foi importante o trabalho das comunidades, com a participação dos leigos sendo bem significativa, tanto agora, por ocasião do centenário, quanto no decorrer da história de cada comunidade. Quantas organizações existem movidas por valores humanos que carregam na sua história pessoas de fé, que fazem por amor, com o intuito de ajudar”, observa o padre.
No ano do centenário, o desafio que se mostra, segundo o pároco, é de que a igreja precisa pensar coisas novas. E, para isso, é preciso abrir espaço para acolher as muitas pessoas que gostariam de colaborar nesta construção de pensar junto e avançar enquanto igreja, vendo as prioridades e assumindo-as como focos de ação. Como exemplo, cita o sentido missionário da Igreja, de ir ao encontro das pessoas. Tal experiência está sendo proporcionada pelas visitas que estão sendo feitas na peregrinação da imagem da padroeira pelas comunidades e está tendo boa repercussão. “Precisamos de pessoas que levem a igreja pra frente, pensem em coisas novas e ajudem a colocá-las em prática”, reforça o padre Alfonso.