Arroio do Meio – Nove produtores ecológicos certificados e seis em credenciamento receberam a homenagem dos poderes Executivo e Legislativo, representantes de entidades de classe, órgãos e setores públicos, pela produção de alimentos mais saudáveis. A solenidade ocorreu na tarde de quarta-feira na Câmara de Vereadores.
O evento contou com as palestras da nutricionista da secretaria da Educação, Daiane Bergamaschi e do engenheiro agrônomo chefe do Escritório Municipal da Emater/Ascar, André Michel Müller, entusiasta da agroecologia no município, e a participação de professores, estudantes, comerciantes, consumidores e comunidade em geral.
A nutricionista ressaltou a qualidade do consumo de produtos orgânicos, ricos em nutrientes, em comparação com os convencionais, que carregam fertilizantes, pesticidas, herbicidas sintéticos e mutações genéticas, além de tratamentos com antibióticos e hormônios. Além de baixar as propriedades nutritivas, em curto prazo, tais substâncias geram intoxicações agudas que afetam principalmente as pessoas expostas a este ambiente de trabalho. Os efeitos são a irritação na pele e nos olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreia, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte.
Em longo prazo esses efeitos atingem toda a população e consumidores (podem aparecer muito tempo depois). Geram infertilidade, abortos, malformações, neurotoxicidade (distúrbios neurológicos e mentais), desregulação hormonal, obesidade, efeitos sobre o sistema imunológico, contaminação do leite materno e cânceres de mama, pulmão, próstata, intestino e cérebro.
“Em 2012 a Anvisa divulgou a análise de uma série alimentos comercializados no varejo cujo as amostras de resíduos de agrotóxicos estavam em quantidade acima do limite máximo permitido e com a presença de substâncias químicas não autorizadas, indevidas para determinados alimentos. Os líderes são o pimentão, morango, pepino, alface hidropônica, cenoura e abacaxi. Mas além dos alimentos in natura há traços de agrotóxicos praticamente em todos os produtos industrializados, incluindo inclusive cereais matinais, a carne e o leite”, revelou a nutricionista.
Os alimentos orgânicos são mais saudáveis, saborosos (os químicos atrofiam as papilas gustativas) e seguros. Tem menor teor de água e mais vitaminas, minerais, antioxidantes, compostos ligados a redução de riscos de doenças crônicas e menor teor de metais tóxicos.
Os agricultores familiares são os únicos autorizados a realizar vendas diretas ao consumidor, desde que participem de uma organização cadastrada nos órgãos fiscalizadores. A compra em feiras, é uma oportunidade para compra abaixo do preço praticado nas grandes redes de varejo, onde os produtos ecologicamente corretos chegam a ser 40% mais caros, pois são produzidos em menor escala. Além de estreitar a relação de confiança.
No município 42% dos alimentos adquiridos em programas governamentais são de origem orgânica, e ajudam a cultivar bons hábitos alimentares. São investidos anualmente aproximadamente R$ 500 mil.
O engenheiro André Müller explicou que a produção orgânica está ligada ao desenvolvimento sustentável. Isto é, num ambiente que completa o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, por meio da ciência da agroecologia, pensando na biodiversidade do sistema agroflorestal e características de cultivo em cada estação. Segundo ele, algumas ervas daninhas, como o inço, tiririca, samambaia e picão são plantas indicadoras sobre a necessidade do uso de corretivos naturais ou biofertilizantes. “Os alimentos químicos têm em média apenas 1/3 dos nutrientes. O feijão convencional tem menos ferro que uma alface ecológica”, expôs.
Os vereadores reconheceram a evolução da agroecologia feita no município desde 1999, quando André Müller atuava pela Diocese de Santa Cruz do Sul, e convocaram a sociedade a se engajar na luta pela transparência produtiva e qualidade de vida. O prefeito Sidnei Eckert destacou a consolidação da Feira do Produtor, que completa sete anos em 5 de setembro, as atividades de integração entre a cidade e o campo e a importância da divulgação para o reconhecimento deste trabalho.