Arroio do Meio – O transporte no estado do Rio Grande do Sul é feito basicamente por caminhões. No Estado, o transporte rodoviário é responsável por 85,3% do total transportado, percentual superior ao brasileiro que é de 68,6%. Em segundo lugar vem o transporte ferroviário com 8,8%, hidroviário 3,7% e dutoviário 2,2%, conforme dados do Detran/RS.
Mas a principal modalidade de transporte vem sofrendo com políticas adotadas pelo governo federal, como a alta do diesel e mais recentemente com a portaria que restringe o tráfego de veículos de carga em rodovias federais durante feriados de 2015. Mas apesar das dificuldades que o setor passa o momento ainda é considerado bom por Adelar Steffler, presidente da Cooperativa Vale Log com sede em Arroio do Meio. Ele comenta que o agronegócio está crescendo em todo o país e a safra de grãos vem alcançando patamares históricos, o que está alavancando o transporte de carga. “Não dá para dizer que o setor está ruim, dá para trabalhar. Mas poderia estar melhor”, comentou.
Como fato negativo Steffler aponta a concorrência desleal. Segundo ele nos últimos anos o governo federal incentivou a compra de caminhões com juros muito baixos, 2,5% ao ano. Isso fez com que a frota aumentasse muito, empresas e pessoas físicas que não pertenciam ao ramo do transporte compraram caminhões. “Essas pessoas estão devolvendo os veículos, pois não sabem como funciona o setor”, comentou.
Autônomos com dias contados
Steffler comenta que na atual conjuntura, não há lugar para autônomos, “o pequeno deve desaparecer. Esse profissional está no mercado pegando só o que sobra. A margem de lucro é muito pequena.” Ele explica que o autônomo, não tem poder de barganha com as grandes empresas, diferentemente de transportadoras maiores, que negociam diretamente com o contratante.
Transportadoras e cooperativas lucram também na compra de insumos para a frota, como na aquisição de óleo diesel e pneus, aumentando o lucro. “Aqui na cooperativa compramos em grande quantidade, por isso, nosso ganho é maior. No último mês, compramos 504 mil litros de óleo diesel e conseguimos um ótimo preço. O proprietário que possui um caminhão não consegue negociar, por isso, tem menor lucro”, comentou.
Modal rodoviário reformulado
O ramo de transporte rodoviário sofrerá mudanças nos próximos anos, e para melhor, afirma Steffler. O sistema de transporte será totalmente informatizado, a exemplo da Europa. Pagamento de frete e nota fiscal serão emitidos via internet. O caminhão terá o registro da ANTT, implantado ainda na fábrica quando da fabricação.
A exemplo do que acontece hoje em países europeus, um chip implantado no veículo constará todas as informações referentes à carga, veículo, caminhão e motorista. Sensores instalados em pontos das rodovias lerão os dispositivos que em caso de irregularidade serão identificados e as informações enviadas a um posto de Policiamento Rodoviário. “Com esse sistema o patrulheiro vai parar somente o veículo que estiver com problema. Isso será muito bom, pois não haverá mais irregularidades. Todos terão que estar transportando de maneira correta”, comentou.
Lei restringe tráfego nos próximos feriados
Outro fator negativo para o transporte rodoviário é a restrição de caminhões em feriados prolongados. A restrição já está valendo e inclui os próximos feriados como: Tiradentes, Dia do Trabalho, Corpus Christi (Corpo de Cristo), Independência, Nossa Senhora Aparecida, Finados e fim de ano. O descumprimento constitui infração de trânsito prevista no Artigo 187 do Código de Trânsito Brasileiro. Nesse caso, o veículo autuado só poderá seguir viagem após o horário de término da restrição.
Caem vendas de caminhões
Apesar do momento ser bom, com a alta produção de grãos, o mercado de caminhões vem tendo queda nas vendas. No Estado, entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano, a queda na comercialização de caminhões chegou a quase 60%. No último mês de 2014, foram 975 veículos de carga vendidos. No segundo mês de 2015, o número de vendas foi de 393, segundo o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Sul (Sindicov/Fenabrave-RS).