Arroio do Meio – Assumiu terça-feira, dia 03, a nova administradora do Presídio Estadual de Arroio do Meio. Andrea Minozzo Pires é formada em Direito e trabalhava no Presídio Estadual de Lajeado. Ela substitui Carlos Sandoval Zachazeski Leal que administrou a instituição por mais de dois anos. Sandoval tem situação indefinida podendo ficar trabalhando em outra função ou ainda poderá ir para Porto Alegre.
O presídio na Bela Vista tem capacidade para 42 apenados, mas a lotação atual é de 50 pessoas. Diferente do presídio de Lajeado que está com a lotação quatro vezes maior do que a capacidade normal. Dividem as celas 550 pessoas, sendo que a lotação máxima é de 120 apenados. “Próximo ao Natal a lotação subiu para 580 presos”, disse um agente presente.
Leal destacou sua administração frente ao presídio, dizendo que no período não houve rebeliões ou fugas. Disse ainda que quase a totalidade dos apenados estuda ou faz curso profissionalizante. Falou da construção do muro e da concretização do parlatório, local usado para o preso conversar com seu advogado reservadamente.
Andrea pediu o apoio do Conselho da Comunidade de Execução Penal dizendo que o trabalho realizado por essa entidade é muito importante na ressocialização e reinserção do apenado na sociedade. Disse que é um grande desafio assumir a instituição, já que em Lajeado realizava um trabalho totalmente diferente fazendo escoltas a presidiários. “Não esperava por esse desafio. Mas no momento que aceitei, me propus a fazer o melhor trabalho possível. E sei que 90% do meu trabalho está na ajuda do Conselho. Também precisarei me adequar às situações que virão. Tenho boa vontade, e isso já é o primeiro passo”, disse.
Na ocasião foram entregues certificados do curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão a nove apenados. Dezesseis iniciaram, mas ao decorrer do curso foram desistindo, pois preferiam trabalhar ao frequentar as aulas que ocorriam em dois turnos diariamente.
O curso teve carga horária de 220 horas, nas quais os alunos aprenderam sobre instalação residencial e predial. As aulas foram ministradas por um professor do Senai com conhecimento sobre elétrica predial. O conteúdo programático foi composto de teoria e prática, esta realizada em uma sala com equipamentos apropriados para tal. Os alunos instalaram um ventilador e câmeras filmadoras. “Esse curso foi muito bom, esperamos sair daqui trabalhando pelo menos como auxiliar”, disse um apenado.
Outros detentos comentaram que as primeiras aulas foram difíceis, pois era tudo muito novo. Elogiaram o professor que ministrou o curso. “Agradecemos muito a oportunidade e paciência. Ele foi muito compreensivo. Se fosse eu, desistiria no primeiro dia”, comentou outro.
Saiba mais
O presídio de Arroio do Meio tem capacidade para 42 apenados, mas a lotação atual é de 50 pessoas. Destes, três estão no regime aberto, 15 no semiaberto, 14 no regime fechado e 18 de forma provisória, que é aquele preso que ainda não foi condenado e está esperando o julgamento.
A maioria dos detentos trabalha em funções distribuídas dentro e fora da instituição. Dezenove fazem artesanato; dez realizam serviços internos como limpeza de corredor e serviços gerais e nove trabalham fora do presídio.
Reunião do Conselho
No mesmo dia pela manhã, o Conselho Comunitário de Execução Penal realizou sua reunião mensal no Gabinete do prefeito Sidnei Eckert. Participam representantes de todos os municípios da comarca: Arroio do Meio, Capitão, Pouso Novo, Nova Bréscia e Coqueiro Baixo. Na ocasião, o grupo exaltou a humanização dentro do presídio.
Sandoval, que até então administrava o local, lembrou que os presos têm uma rotina diferenciada das demais penitenciárias. Com atividades como celebrações religiosas, curso profissionalizante, aulas do EJA e trabalho eles não têm tempo de ficar planejando crimes ou maldades. “Quase 100% dos presos trabalham, mandando dinheiro para suas famílias e tendo recursos para comprar produtos de higiene, por exemplo.”
Ele lembrou que o presídio de Arroio do Meio, construído em 1971, está entre os melhores do Estado. “Ainda bem que temos esse conselho que ajuda a fazer com que o preso volte à sociedade ressocializado.”
Paulo Steiner, convidado a falar, ressaltou que existe a possibilidade do presídio receber alimentos da agricultura familiar. “Se isso acontecer, será mais um incentivo para nosso agricultor que receberá o pagamento direto do governo.”