Na última terça-feira, 10, a cidade de Santa Rosa foi o centro de uma grande mobilização de produtores de leite do Rio Grande do Sul, com o objetivo de chamar a atenção das autoridades, da imprensa e dos consumidores, quanto às dificuldades enfrentadas pela categoria e pelo setor, em uma de suas maiores crises já vividas.
Depois dos escândalos que se sucederam ao longo dos dois últimos anos, que resultaram em fechamento de postos de recebimento de leite e de algumas indústrias do setor, estabeleceu-se também um preconceito em relação ao nosso produto, passando a enfrentar restrições em mercados de outros estados.
Um forte apelo dos mais de dois mil produtores de leite concentrados, foi no sentido de dizer para os consumidores que todos podem consumir, beber o leite gaúcho com tranquilidade por ser de qualidade.
Contas de leite não pagas por antigas agroindústrias, linhas de crédito especiais para socorrer a atividade e apoio de órgãos governamentais a indústrias na obtenção de certificação que permita e exportação de leite, foram reivindicações encaminhadas, na expectativa de que encontrem respostas rápidas.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul – Fetag/RS, coordenadora do encontro de Santa Rosa afirma que se até o final deste mês de março, com data limite de 27, os pleitos que não tiverem respostas, uma outra grande concentração deverá acontecer, não se descartando a possibilidade de o Vale do Taquari ser o palco do evento.
Apesar de algumas cooperativas que industrializam o leite em pó terem conseguido um prévio acordo com a Conab para a venda/compra de 1.500 toneladas, o fato está distante de poder ser considerado uma solução para os problemas do setor, sabendo-se que os estoques represados passam de quatro mil toneladas.
CRISE X OTIMISMO
Contrastando com a séria crise do setor leiteiro, a produção gaúcha de grãos vive a expectativa de termos uma das maiores safras neste ano de 2015. Recentes projeções indicam a possibilidade do Rio Grande do Sul alcançar um total de mais de 29 milhões de toneladas entre soja e milho.
A cultura da soja, se não ocorrer algum imprevisto, como incidência de pragas, ferrugens ou outros eventos, poderão ter uma rentabilidade/produtividade acima de média nacional.
Estima-se que a cultura do milho, em que pese a redução da área plantada, compensará esse fator com a elevação da produtividade.
Essa onda otimista poderá ter um sentido de equilibrar as tendências da economia em geral, pois os setores indústria, comércio, prestação de serviços, atuam com indicadores não muito positivos.
O PIB gaúcho conta mais uma vez com uma grande parcela da produção agropecuária.
ESTOURANDO O PRAZO
O prazo legal para o encaminhamento do Cadastro Ambiental Rural – CAR, termina no dia 06 de maio vindouro. Acredito que não tenha mais nenhum proprietário de imóvel rural que não saiba da obrigação de fazer esse cadastro.
Sabe-se que até este momento o número de cadastros já preenchidos no Estado não deve ultrapassar a casa dos 1.500, de um total de 420 mil a serem feitos. Se o processo não andou, não é somente culpa dos produtores rurais. Pois até hoje as pessoas perguntam sobre quem ficou a responsabilidade de orientar, executar e acompanhar o trabalho.
Sem prorrogação do prazo não há jeito. Afinal, para que serviria esse CAR, além de ser um instrumento de controle?