Arroio do Meio sediará na tarde desta sexta-feira, um Encontro Regional dos produtores de leite, organizado pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. O local será a sede do CTG Querência do Arroio do Meio e dezenas de representações dos Municípios do Vale do Taquari, regiões baixa e alta, deverão reunir-se para debater os problemas que a cadeia do leite enfrenta atualmente.
A atividade de produção de leite está presente na maioria das pequenas propriedades rurais, constituindo-se em uma importante fonte de renda mensal e facilmente consorciada com outras ocupações, ainda mais que uma das características da agricultura familiar é a diversificação de culturas.
Certamente a pauta do encontro estará repleta de assuntos relacionados, mas sem dúvida o “calote” aplicado em centenas de produtores por algumas laticínios figurará como questão mais preocupante. Como já existem ações tramitando na Justiça, líderes sindicais deverão prestar informações sobre as situações desses procedimentos.
Outros temas como programas de sanidade, resumidos no PROCETUBE e a qualificação da produção em que se busca a certificação das propriedades, que é um processo que precisa superar inúmeros entraves, servirão de base para ações conjugadas e que precisam de suporte técnico e financeiro de parte de órgãos oficiais e das próprias agroindústrias.
Existem expectativas em relação ao encontro de logo mais, mas sobretudo em relação às possibilidades de políticas de apoio de parte do Ministério da Agricultura ao setor do leite, principalmente sobre o aceno de compra de estoques de leite em pó e de programas sociais onde o alimento poderá ser inserido em cardápios de merenda escolar e de outras instituições.
Há alguns sinais de uma parcela dos produtores de leite não estão contentes ou satisfeitos com a indiferença e até omissão com que até aqui os Sindicatos de Trabalhadores Rurais, pelo menos alguns, tem-se portado em relação a possíveis apoios que os agricultores esperavam ter.
TRIGO: desmotivação e descrédito
Existe um prenúncio de que neste ano a área de plantio de trigo, no Rio Grande do Sul, sofra uma redução sem precedentes. Embora seja ainda um pouco cedo para uma conclusão, o fato é que poderá confirmar-se uma diminuição de 40% a 50% da área ocupada em outras épocas.
Alto custo de produção e pouca valorização do cereal desestimulam tradicionais produtores que preferem não arriscar para não perderem investimentos. Pois os preços que nos últimos anos vem sendo praticados, não cobrem os custos, considerando que particularmente neste ano o combustível constitui-se em um item de desequilíbrio.
O governo federal parece não ter plano de incentivo à atividade de produção do trigo. De ano a ano o volume de importações aumenta, ficando em segundo plano a nossa produção que, por exemplo, na nossa região tem grande parte destinada à alimentação de animais, ao invés de servir de insumo para alimentos humanos.
Tudo indica que teremos produtores que irão descansar no período em que, anteriormente, cuidavam do desenvolvimento das lavouras de trigo. Investir, utilizar recursos e implementos para ter prejuízo, realmente não é conveniente. Tem gente dizendo que em algumas atividades é melhor não trabalhar do que arriscar, circunstâncias em que não há perspectivas de retorno.
READEQUAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR
A Expoagro Afubra que terminou ontem, com o registro de grande público nos três dias de Feira, mais uma vez propagou a importância da diversificação de culturas e atividades nas pequenas propriedades rurais.
Realizada em um meio onde a fumicultura se destaca, evidenciaram-se os problemas de endividamento dos produtores com as fumageiras, a falta de recursos para mudar de atividades, dificuldades de mercado e demora no retorno financeiro. “A transição do tabaco pra outras culturas é algo que precisa ser pensado com a comunidade e não é uma tarefa fácil”, afirmou o coordenador técnico da Emater-RS, Lino Moura, concluindo que a troca de culturas transforma substancialmente a estrutura da propriedade e a transição precisa ser feita com responsabilidade.