Corporação exige que locais de banho contem com salva-vidas durante o veraneio
A temporada de verão começa no dia 15 e as autoridades querem evitar as mortes por afogamentos neste período, que se estende até o fim de fevereiro. Entre novembro de 2011 e julho deste ano, oito pessoas morreram afogadas. Destas, só uma morte – em Teutônia – estava em um balneário que carecia de salva-vidas.
Para diminuir este índice, o Corpo de Bombeiros de Lajeado e Estrela inicia a fiscalização de balneários da região. Placas informativas sobre profundidade e locais proibidos, demarcações de áreas para banho e a presença de salva-vidas estão entre os principais itens a serem verificados.
O trabalho vai de hoje até o dia 15. Conforme o comandante do curso de guarda-vidas dos Bombeiros, sargento Paulo Roberto da Silva, os empresários que exploram os rios comercialmente são obrigados a contratar este tipo de profissional.
A corporação, como não pode punir quem descumprir a exigência, encaminhará as informações ao Ministério Público. Caso considere que houve irregularidade, pode punir estes proprietários.
Silva acrescenta que os bombeiros só podem atuar em espaços públicos. Um dos motivos é a falta de efetivo para atender os 14 municípios de abrangência – que incluem Marques de Souza, Arroio do Meio, Capitão, Pouso Novo e Travesseiro. Conta que seriam necessários, pelo menos, 48 pessoas para suprir a demanda.
Capacitação
O comandante reconhece que há dificuldade de encontrar profissional qualificado para o serviço de salva-vidas. Para facilitar a busca por estes prestadores de serviço, as corporações de Estrela e Lajeado promovem um curso de capacitação de guarda-vidas específico para quem atuar em balneários.
Os treinamentos começam no dia 9 e são oferecidas 25 vagas para os interessados. O custo é de R$ 56,88 e o aluno precisa ter 21 anos completos. Silva ressalta que os alunos terão uma série de provas físicas.
As principais são de natação. Para serem aprovados, precisam nadar 200 metros em seis minutos e dois mil metros em menos de 14 minutos. Esta é uma maneira de certificar que os futuros salva-vidas saibam atuar em casos extremos. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3714-1425.
Falta de interesse
Germano Hepp, 66, proprietário de um balneário em Marques de Souza há 31 anos garante que atende as exigências do Corpo de Bombeiro durante todo o ano. Está disposto a contratar um salva-vidas. Neste ano, contará com os serviços de um bombeiro recém-formado.
A medida ocorre devido a dificuldade de encontrar um profissional de fora da corporação. A falta de interesse é o principal problema. “Os mais jovens não querem saber de trabalhar nos fins de semana.” Sábados, domingos e feriados são os dias mais movimentados dos balneários.
Alerta aos banhistas
O dia 14 de janeiro de 2006 foi trágico para a família de Vanderlei Alexandre Kaufmann, 19. Auxiliar de pedreiro, ele e a namorada foram ao camping do Sadol junto com um casal de amigos para aproveitar a tarde de intenso calor.
A diversão durou menos de 30 minutos. Kaufmann foi socorrer a namorada, mas se afogou. Ele sabia nadar. “É triste para a gente perder um filho tão novo. Praticamente destruiu a nossa família”, conta Delci, mãe de Kaufmann.
Delci mora em Picada Flor, e não retornou mais ao local. “Não consigo mais pôr os pés lá”, resigna-se. Para evitar que tragédias como a dela ocorram com outras famílias, recomenda aos pais a ficarem sempre ao lado dos filhos.
Estruturas provisórias
Poucos balneários privados mantêm os espaços com a estrutura adequada durante todo o ano. Aproveitam o veraneio para investir nas sinalizações e demarcar as áreas próprias para banho – antecipando-se à fiscalização dos corpos de bombeiros.
É o caso do estabelecimento de Írio Scherer, de Travesseiro. O balneário funciona há 36 anos e esta é a primeira vez em que contará com salva-vidas, instalará as placas informativas e delimitará melhor os locais próprios para banho.
Justifica não ter feito o investimento antes devido a enxurrada de 2010 – que assolou o município e Marques de Souza. “Ia sair muito caro para fazermos tudo o que era necessário.” O filho Herton, 33, será pela segunda vez o guarda-vidas do local e se prepara para o curso.
Ação semelhante faz Ricardo Hepp, proprietário de um balneários em Marques de Souza. Ontem, implantou as sinalizações de profundidade, alertas e locais próprios para banho. Aguarda a capacitação dos guarda-vidas para contratar um que atuará em todos os fins de semana durante o veraneio.
O único que não contará com salva-vidas é o camping de Irineu Rockembach. Desde a enxurrada de 2010, proibiu o banho no rio Forqueta em seu estabelecimento. Uma placa com o alerta foi instalado na entrada do local. “O pessoal sabe que não dá para ir no rio, mas nós não podemos impedir a vontade dos outros”, esquiva-se.