A psicóloga Jucelaine Manfroi define a autoestima como a soma da autoconfiança com o autorrespeito: “Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida (entender e dominar os problemas) e o direito de ser feliz (respeitar e defender os próprios interesses e necessidades).”
Para Jucelaine, a autoestima pode ser definida como o sentimento de ser amado e o sentimento de ser capaz, citando que a autoestima das crianças é essencial para o seu desenvolvimento educacional: “ Muitas evidências resultantes de pesquisas, assim como experiências de professores de escolas, professores particulares, terapeutas familiares, psicólogos clínicos, conselheiros e psicólogos educacionais, indicam que a maioria das crianças com problemas e dificuldades de aprendizado nas salas de aula vêm de situações problemáticas no lar e têm dificuldades de autoestima.”
Ter autoestima é
Ter uma autoestima elevada é sentir-se confiantemente adequado à vida, isto é, competente e merecedor. Ter uma autoestima baixa é sentir-se inadequado à vida, errado, não sobre este ou aquele assunto, mas errado como pessoa. Ter uma autoestima média é flutuar entre sentir-se adequado ou inadequado, certo ou errado como pessoa e manifestar essa inconsistência no comportamento – às vezes agindo com sabedoria, às vezes como tolo – reforçando, portanto, a incerteza.
De acordo com a psicóloga, a capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um autorrespeito saudáveis é inerente à nossa natureza, pois a capacidade de pensar é a fonte básica da nossa competência, e o fato de que estamos vivos é a fonte básica do nosso direito de lutar pela felicidade. “Idealmente falando, todos deveriam desfrutar um alto nível de autoestima, vivenciando tanto a autoconfiança intelectual como a forte sensação de que a felicidade é adequada. Entretanto, infelizmente, uma grande quantidade de pessoas não se sente assim”, adverte.
O que traz sofrimento
Muitas pessoas sofrem de sentimentos de inadequação, insegurança, dúvida, culpa e medo de uma participação plena na vida – um sentimento vago de “eu não sou suficiente”. Esses sentimentos nem sempre são reconhecidos e confirmados de imediato, mas eles existem no processo de crescimento e no processo de vivenciar esse crescimento. “Poderemos nunca chegar a uma visão feliz de nós mesmos devido a informações negativas vindas dos outros, ou porque falhamos em nossa própria honestidade, integridade, responsabilidade e autoafirmação, ou porque julgamos nossas próprias ações com uma compreensão e uma compaixão inadequadas”, pontua a psicóloga.
Tudo começa na infância
Jucelaine adverte que, quando crianças, nossa autoconfiança e nosso autorrespeito podem ser alimentados ou destruídos pelos adultos – conforme tenhamos sido respeitados, amados, valorizados e encorajados a confiar em nós mesmos. Por isso, em nossos primeiros anos de vida, nossas escolhas e decisões são muito importantes para o desenvolvimento futuro de nossa autoestima: “Estamos longe de ser meros receptáculos da visão que as outras pessoas têm sobre nós. E de qualquer forma, seja qual tenha sido nossa educação, quando adultos o assunto está em nossas próprias mãos.”
Por fim, a psicóloga afirma que crianças muito dependentes não se transformam em adultos emocionalmente maduros, confiantes. “Precisamos de adultos maduros, responsáveis e capazes, que tenham coragem de afirmar suas convicções. As crianças com uma grande autoestima tornam-se os adultos dotados de tal coragem”, afirma.
De acordo com Jucelaine, se a criança for acolhida com carinho e satisfação, desenvolverá uma expectativa positiva em relação ao mundo. Existindo essa base de segurança, irá adquirir uma confiança básica em si mesmo, que é essencial não só na formação, mas também na manutenção da autoestima para toda a vida. “Quando somos em geral muito criticados, comparados, educados sob medo, sem sermos ouvidos, acabamos nos frustrando e não confiando mais no nosso potencial. Por isso acredito que a autoestima juntamente com o amor próprio é a base para o ser humano. É a cura para todas as dificuldades, sofrimentos, é a cura para todas as doenças (origem emocional) e relações destrutivas. As pessoas estão emocionalmente doentes, o remédio é um só: amor, principalmente, por si mesmo”, conclui.