O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na quinta-feira da semana passada uma mudança na regra de remuneração da caderneta de poupança. O objetivo é dar condições ao Banco Central de continuar reduzindo a taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 9% ao ano, e manter o crescimento sustentável da economia.
O rendimento da poupança só será alterado quando a taxa Selic for igual ou abaixo de 8,5%. Para os depósitos feitos até o dia 03 de maio, a remuneração continua a mesma, ou seja, 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial) ou 6,17% ao ano mais TR. Quando a taxa básica de juros cair para o patamar de 8,5%, a remuneração da poupança será de 70% da Selic mais TR. “Por exemplo, se a Selic chegar a 8%, a rentabilidade da caderneta será de 5,6% ao ano mais a TR. Mas essa regra só vale para novos depósitos. Para as cadernetas com depósitos até hoje (03.05) fica tudo igual”, reforçou o ministro.
De acordo com o ministro Mantega, a medida não afeta os interesses dos poupadores. “Os benefícios para os detentores da caderneta de poupança continuam os mesmos: a liquidez é diária, ou seja, o poupador saca o dinheiro quando quiser, rentabilidade mensal, isenta do Imposto de Renda e sem limite de aplicação”, reforçou, acrescentando que a caderneta mantém a mesma versatilidade e simplicidade.
Segundo o Banco Central, existem hoje 100 milhões de cadernetas de poupança ativas no Brasil, com um volume de R$ 431 bilhões.
A mudança está sendo realizada de forma a evitar uma migração de grandes investidores (que aplicam em fundos de renda fixa, DI, títulos públicos, etc) para a poupança, que, com a queda na taxa básica de juros, pode ficar mais atraente.
“À medida que a Selic vai sendo reduzida, os fundos de investimento, mesmo pagando Imposto de Renda e Taxa de Administração, têm menor rentabilidade. Se compararmos a remuneração da poupança em relação à Selic, ela sempre esteve abaixo de 70% [da taxa]”, destacou o ministro. Ele reafirmou que a caderneta de poupança continua sendo uma excelente aplicação para a maioria da população brasileira, mas observou que a mudança é necessária porque a regra atual do rendimento da poupança funciona como um obstáculo para a queda da taxa de juros da economia a partir de certo patamar da Selic.
Além disso, a remuneração fixa da poupança cria uma taxa mínima de juros para a captação dos bancos. A expectativa do governo, segundo Guido Mantega, é que esse novo cenário de taxa de juros reduzida e menor custo financeiro dos bancos tenha impacto positivo sobre a economia. O governo espera que a redução da taxa de juros provoque queda na taxa de captação dos investimentos e, consequentemente, nos custos financeiros dos empréstimos ao consumidor.
Decisão acertada – Para o gerente do Banco do Brasil de Arroio do Meio, Renato Giaretta, o governo acertou em estabelecer novas regras para a poupança. “Pelo que se sabe houve incremento nas aplicações da poupança nos últimos dias, o que reflete a confiança dos investidores”, afirma, destacando que a poupança continua sendo uma boa opção de investimento.
Giaretta acredita que é importante para o país operar com taxas de juros mais baixas, o que favorece tanto ao pequeno tomador de crédito como ao grande. “A medida tem essa intenção, de desenvolver mais a economia, tendo mais dinheiro na atividade produtiva, gerando emprego, fazendo a economia girar”.