Cerca de 200 funcionários de indústrias em Capitão tiveram a rotina de trabalho alterada em decorrência da pandemia da covid-19, de acordo com o secretário de Administração e Finanças, Márcio da Costa, o Maninho.
A Júlia Calçados optou por demitir cerca de 60 colaboradores na última segunda-feira, dia 27. A tendência é de que a empresa retome as atividades em meados de novembro, com recontratações gradativas. O maquinário e o aluguel do subsolo do ginásio do Clube Sete de Setembro foram mantidos, além dos gerentes de produção.
O diretor Paulo Weizenmann revela que a decisão foi a mais segura possível para a empresa e para os funcionários. Todos vão receber as indenizações trabalhistas além de poderem recorrer ao seguro desemprego. Quem não encontrar outra ocupação será recontratado até o fim do ano. Ao todo nas unidades de Capitão e Arroio do Meio foram demitidos 150 funcionários.
A equipe remanescente já está desenvolvendo lançamentos para a moda da próxima estação. As amostras serão enviadas aos clientes entre setembro e outubro. A produção para atender esses pedidos iniciará em novembro. “Não se sabe exatamente qual será o volume de pedidos. Felizmente conseguimos atenuar todos os imprevistos gerados pela pandemia”.
A Calçados Delta pretende prorrogar a suspensão dos contratos com funcionários por mais 60 dias, assim que houver definições mais claras do Governo Federal. A medida atingiu 60 postos de trabalho. Neste período os funcionários estão recebendo um salário pago pelo governo, calculado numa proporção parecida com o seguro-desemprego. A assinatura da suspensão garante a manutenção dos empregos.
A também calçadista Tecnonews, que já havia aderido à suspensão, adotou a redução da jornada de trabalho dos cerca de 30 funcionários em 70%.
De acordo com Maninho, o setor calçadista capitanense depende muito do consumo no sudeste brasileiro e EUA, onde estão os epicentros da pandemia.
Outras empresas que aderiram à suspensão e, agora, à redução na jornada, foram a Serraria SDB e a Papéis Orvalho, mantendo 50% da jornada de trabalho. As duas empresas empregam mais de 35 colaboradores.
Maninho avalia que a redução da movimentação de operários, de estudantes e de idosos, atinja a movimentação do comércio em 50%. “É uma bola de neve que atinge todo mundo. As medidas do Governo Federal foram importantes para manter a renda e consumo, mesmo que reduzida”. O fato da maioria dos cerca de 40 estabelecimentos comerciais serem familiares, evita medidas ainda mais drásticas.
Apesar do impacto na economia, os números da saúde no município são satisfatórios. Dos 17 casos confirmados, todos estão curados. Os oito suspeitos estão em isolamento. “Os sintomas gripais podem confundir um diagnóstico mais preciso, num primeiro instante. Infelizmente só podemos realizar testes sete dias após o aparecimento dos sintomas. A maioria dos casos envolve adultos que estão na lida laboral. Até o momento nenhuma criança foi infectada. As aulas só serão retomadas após condições mínimas de segurança”, revela.
Até o momento nenhuma obra pública projetada para este ano teve execução comprometida. Apenas dois funcionários públicos do grupo de risco estão afastados.