O produtor de suínos independente, Fernando Rosenbach, 34 anos de São Caetano, Arroio do Meio, destaca que o custo de produção sobe diariamente e a remuneração pelo quilo vivo baixou de R$ 5,25 para R$ 3,80. Além da seca que já havia prejudicado a oferta de grãos, o aumento da cotação do dólar, que é o principal indexador das commodities e a grande procura pelo farelo de soja no mercado internacional, especialmente pela China, inflacionaram o custo de produção da ração em até R$ 0,40. A perda, por cabeça, já chega a R$ 100. “É uma cadeia complexa de giro lento. Vamos acabar absorvendo o prejuízo. Pode levar uma década para a situação voltar a se estabilizar”, dimensiona.
Segundo Rosenbach, a maioria dos integrados acaba não sofrendo o mesmo impacto dos produtores independentes, porque não lidam com a negociação direta em cada etapa, e as integradoras acabam focando na exportação, lucrando com a valorização do dólar, diferentemente de quem fornece para o mercado interno. “Por enquanto, os frigoríficos independentes ainda não tiveram problemas com focos da covid-19, a apreensão e cuidados são diários”, revela.
Para o produtor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já deveria ter feito uma intervenção propondo um estoque regulador de grãos, para garantir a segurança alimentar, para a proteína animal não inflacionar demais no mercado interno. Segundo ele, a Rússia, já embargou as vendas de trigo para o Brasil, o que deve inflacionar o preço da farinha e pães nos próximos meses.