A gestação, o período de pré-natal, o parto e o pós-parto sempre foram momentos de muito zelo e atenção para a gestante. Com os perigos do coronavírus, muitos outros cuidados foram acrescentados, para garantir que tudo se saia bem neste momento tão importante na vida de uma mulher.
A ginecologista e obstetra, Taís Silveira Gonçalves, de Arroio do Meio, aborda o que muda nestes procedimentos, para garantir a saúde de mãe e bebê. Confira:
AT– Gestantes em geral entram dentro do chamado grupo de risco? Por quê?
Taís– Inicialmente o Mistério da Saúde do Brasil considerou que o grupo de risco para covid-19 seria composto por indivíduos acima de 60 anos e pacientes com doenças crônicas. Posteriormente, ampliou para 15 as condições e fatores de risco a serem considerados para possíveis complicações da síndrome gripal, incluindo grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal), apesar, dos escassos dados de literatura não apontarem que a gestação torne a paciente mais suscetível ao novo coronavírus do que a população geral.
Considerando as diversas modificações fisiológicas da gestação, pode haver um risco teórico maior de desenvolver a doença grave por covid-19, em particular pneumonia e insuficiência respiratória. Em relação à teratogenicidade, não existem riscos aumentados de malformações fetais.
AT– Há modificações na rotina do pré-natal, tendo em virtude a pandemia que vivemos hoje?
Taís– Consultas de pré-natal deverão seguir as rotinas habituais, de acordo com seu risco, presença de intercorrências ou morbidades. Em todas as consultas recomenda-se investigar a presença de sintomas gripais e/ou contatos recentes com pessoas infectadas pela covid-19. Reforçamos que as gestantes devem permanecer o mínimo de tempo necessário para a realização das consultas de pré-natal, evitando ao máximo as aglomerações em salas de espera. Também devemos recomendar que as pacientes compareçam sem acompanhantes nas consultas. Os intervalos entre consultas e realização de exames poderão ser ampliados, sempre se avaliando riscos e benefícios, com intuito de se evitar exposição desnecessária das gestantes a ambientes de risco para contaminação.
AT – Quais os cuidados que devem ser tomados para a hora do parto, para a saúde de mãe e bebê?
Taís– A via de parto preferencialmente é o parto normal para as pacientes suspeitas ou confirmadas. Cesárea se houver comprometimento do sistema respiratório.
Sobre a questão do parto, a gente vai tratar bem diferente se for uma gestante suspeita de covid ou confirmada e uma gestante que não é suspeita. Na gestação suspeita, se toma todos os cuidados para evitar o contato com o bebê, por exemplo, não se faz o clampeamento tardio do cordão umbilical, não se coloca o bebê pele a pele com a mãe e a questão da amamentação também fica diferente.
O tempo de permanência no hospital é o mais breve possível. Se possível, é dada a alta precoce, mas, claro, avaliando as condições do bebê e da mãe. As recomendações são normais, de retorno em consulta para revisão, de manter os cuidados da população em geral e, se caso for suspeito, então também se faz a avaliação do recém-nascido.
AT – E no pós-parto?
Taís– Em geral, recomenda-se manter a amamentação, mas ainda não existem evidências suficientes para definir a segurança desta conduta. Atualmente, a maior preocupação não é se a covid-19 pode ser transmitida pelo leite materno, mas se a mãe infectada pode transmitir o vírus através de secreções respiratórias durante o período de amamentação. Por isto, ela deverá usar máscara cirúrgica, lavar as mãos antes e depois de tocar no seu filho e limpar e desinfetar a superfície dos objetos tocados pela lactante.
As pacientes com covid confirmado que desejarem amamentar estão liberadas, mas usando máscara, seguindo todos os cuidados para evitar a contaminação.