A decisão ocorrida na semana anterior, relacionada à suspensão das atividades de abate de frangos e suínos, em quatro unidades frigoríficas, Lajeado, Passo Fundo e Garibaldi, repercute de várias formas, atingindo em torno de sete mil trabalhadores, 1.458 produtores integrados, a economia do Estado e toda a rede de estabelecimentos comerciais que distribuem os produtos derivados das cadeias referidas.
Infelizmente as indústrias atingidas tiveram o registro de um expressivo número de colaboradores (empregados), sendo portadores do vírus da covid-19 e, pela natureza das atividades que ali são realizadas, constituiriam um ambiente favorável à propagação da doença.
A ação do Ministério Público teve como preocupação maior a proteção da saúde, a defesa da vida das pessoas, ou seja, dos trabalhadores, que é uma medida perfeitamente justificável e previdente.
Mas como o fato gerou impactos ou consequências em outros setores, ou segmentos, seguem mobilizações, reuniões e tentativas de conciliações com o envolvimento de entidades representativas dos produtores, do Governo do Estado, das áreas da Agricultura e Saúde, da Assembleia Legislativa, do Ministério Público, visando encontrar um meio seguro para todos que são parte do processo produtivo e das indústrias.
Mesmo havendo o esforço de parte das empresas em encaminhar os animais para outras unidades, as dificuldades se acentuam, pois são milhões de frangos e mais de 50 mil suínos prontos para o abate a curto prazo.
Outrossim, a situação dos produtores não deixa de ser preocupante. Certamente ocorrerão atrasos na retirada dos animais dos estabelecimentos produtivos, implicando isso em contratempos de toda ordem, desde o planejamento dos lotes, as conversões inadequadas e que resultam em prejuízos e caso falhar a alternativa de abates em outros locais, fica o temor de ter que acontecer o “abate sanitário”, o que seria extremamente desagradável.
Como nós tivemos um período de estiagem prolongada, com muitos problemas de abastecimento de água, em localidades da região, vários produtores adiaram alojamentos de plantéis de frangos e de suínos, o que já foi um baque econômico para os agricultores. Somando-se mais esta questão do coronavírus, a agricultura familiar está colocada à prova e o teste é de caráter desafiador.
TROCA-TROCA DE SEMENTES
A Secretaria de Agricultura do Estado já havia anunciado a prorrogação do pagamento das sementes de milho do Programa Troca-troca, com vencimento em 31 de maio corrente. São em torno de 90 mil beneficiários e a conta chega a R$ 17 milhões.
Em consequência da estiagem, que perdurou por praticamente seis meses, o desempenho das lavouras foi frustrante. Este fato motiva a reivindicação, de parte da Fetag e dos próprios municípios, no sentido de o Estado anistiar o pagamento desta conta.
O Secretário de Agricultura, Covatti Filho, afirmou que tratará o assunto com os demais órgãos do Governo estadual para uma tomada de posição, sem, no entanto, adiantar uma possível decisão.