O Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças relacionadas ao tabagismo. O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Também faz parte do grupo de transtornos mentais e comportamentais em razão do uso de substância psicoativa, sendo considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces no mundo.
A nicotina é absorvida facilmente no sangue, estimula o sistema nervoso central, aumenta a pressão arterial, a respiração e a frequência cardíaca. Como outras drogas, a nicotina ativa os circuitos de recompensa do cérebro, o que reforça comportamentos gratificantes. Estudos sugerem que outros produtos químicos na fumaça do tabaco podem aumentar os efeitos da nicotina no cérebro.
Crianças, adolescentes e jovens têm contato cada vez mais cedo com o tabagismo. A iniciação precoce é também uma “porta de entrada” para o uso de outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas: adolescentes fumantes, comparados aos não fumantes, consomem três vezes mais álcool, usam oito vezes mais maconha, 22 vezes mais cocaína. Por esses motivos, a OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica. A maior vulnerabilidade do adolescente à nicotina é relacionada ao fato de o seu cérebro não estar completamente desenvolvido.
O tabagismo constitui fator de risco para vários tipos de câncer: leucemia mieloide aguda; câncer de bexiga; pâncreas; fígado; colo do útero; esôfago; rim e ureter; laringe; boca; faringe; estômago; cólon e reto; traqueia, brônquios e pulmão. Constitui também um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade masculina e feminina, osteoporose, catarata, acidentes vascular cerebral (AVC) e ataques cardíacos mortais.
A OMS afirma que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
No Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência a nicotina e 156.216 mortes anuais poderiam ser evitadas. O maior peso é dado pelo câncer, doença cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Por tudo isso, no Dia Mundial Sem Tabaco, convido a todos os tabagistas a refletir (mesmo que novamente) sobre a real possibilidade de abandonar este hábito. Lembro que, por se tratar de uma doença crônica, contar com auxílio de profissionais da saúde deve ser considerado. Sabe-se hoje que tanto os tratamentos comportamentais quanto os medicamentos podem ajudar as pessoas a parar de fumar, mas a combinação de medicamentos com aconselhamento é mais eficaz do que qualquer um sozinho. Enquanto isso, que tal já ir reduzindo o consumo, tentando deixar o primeiro cigarro para o mais tarde possível no dia? Faltaria espaço para listar todos os benefícios a que você acabaria “exposto”.