Cerca de 50 líderes da comunidade estiveram reunidos na última quarta-feira à tarde na sala da Acisam, para uma avaliação do atual cenário social, político, econômico em Arroio do Meio especialmente a partir da área da saúde que centralizou os maiores impactos com a disseminação da covid-19 no mundo. Com o surgimento do vírus houve uma mudança quase radical nas relações pessoais, familiares e profissionais com determinações sanitárias, protocolos de distanciamento e isolamento para preservar a saúde e bem estar das pessoas. A partir da importância de preservar o valor da vida e diante das incertezas e imprevisibilidade da duração e alcance do vírus já estão sendo contabilizados os impactos econômicos na vida das empresas, entidades e instituições.
Numa avaliação inicial sob o ponto de vista da saúde e preservação da vida tem-se até o momento, alcançado êxito porque o enfrentamento da covid-19 não registrou pelo menos oficialmente, nenhum óbito. O atendimento dos pacientes que tiveram que ficar na ala covid do HSJ ou que necessitaram de UTI bem como os que receberam tratamento domiciliar foi uma ação conjunta de uma equipe de profissionais que conta com boa estrutura de serviços de saúde pública e privada incluindo o HSJ.
Desde o começo da pandemia, pessoas de terceira idade estão sendo prioritariamente preservadas, o que tem sido considerado fundamental na política pública municipal.
Paralelamente, grande contingente de trabalhadores fora da área de risco praticamente não parou. Atuando em segmentos da indústria, comércio e ou serviços considerados essenciais, estão se adaptando à nova realidade seguindo as normas para garantir a segurança pessoal e coletiva.
Entretanto, apesar destes esforços iniciais, que já duram mais 60 dias com controle rigoroso e responsável da doença existe a preocupação com as consequências que estão aí e que virão e que afetam de forma direta ou indireta a vida de todos. Segmentos como a saúde, comércio, turismo, agricultura, serviços, setor imobiliário, transportes, indústria com poucas exceções tem vendas reduzidas ou perdas decorrentes.
Entre os casos que preocupam está a própria situação do Hospital São José, que este ano completa 70 anos de fundação. Em decorrência da pandemia, houve suspensão de cirurgias e outros procedimentos que resultou em queda significativa de ocupação de leitos e receitas. Em abril de 2020 a ocupação chegou apenas a 34%, sendo que neste mês, em 2019 e 2018 era de 64%. Em abril, por exemplo, houve uma redução de 17% de cirurgias e em maio este percentual comparado ao ano anterior é de 41,5%. Como reflexo da crise a instituição já teve que recorrer a empréstimos bancários na ordem de quase R$ 500 mil e reduziu em 16% o quadro de funcionários no hospital em Arroio do Meio. O que chama atenção e que é revoltante foi a denúncia apresentada pelo diretor Clóvis Soares sobre os aumentos exorbitantes no mercado e que contribuem para a crise: a inflação no preço de insumos. Máscaras tendo que ser compradas a um valor 1.536% a mais e medicamentos como o omeoprazol com aumento de 367%, citando apenas dois exemplos.
Dados apresentados pela Secretaria da Indústria e Comércio preocupam. Um total de 90 empresas do município já recorreram à medida 936 e MP 944 que está dando um socorro emergencial para a manutenção do emprego e renda. Setores do comércio e serviços em torno de 40%, recorreram à redução de aluguel pelo período mais crítico da pandemia.
Para socorrer os mais necessitados foi importante o auxílio emergencial vindo do Governo Federal, que socorreu 140 famílias com parcelas que serão pagas em três meses. 50 com R$ 600, 85 com 1.200 e 6 famílias com 1.800. Estes valores somam R$ 430 mil.
Em relação aos desafios do cenário e expectativas para o futuro ficou evidente de que a retomada se dará pelo esforço de cada um, com participação colaborativa. Com muito planejamento em função da mudança de hábitos e consumo e reestruturação das empresas com muita criatividade e gestão eficaz dos recursos disponíveis. Também é grande a expectativa e a sensação de que o poder público ou outras instituições não podem usar a pandemia para a politização e divisão de forças para benefícios escusos e próprios. É tempo de somar e não dividir.