Depois de anunciar a suspensão das aulas até o dia 30 de abril, o comércio gaúcho foi surpreendido com novo decreto do governador Eduardo Leite, na quarta-feira, que impede estabelecimentos comerciais de abrirem as portas até o dia 15 de abril. A exceção são serviços essenciais, voltados à saúde e alimentação, e alguns segmentos que podem operar desde que siga recomendações de prevenção.
As restrições do governador vieram num momento em que comerciantes se preparavam para voltar às atividades, depois de estarem de portas fechadas desde o dia 23, no Vale do Taquari e em outros municípios. O governador justificou dizendo que a restrição é importante porque os municípios estavam flexibilizando o funcionamento do comércio, setor que emprega um grande número de pessoas e é, de certa forma, um chamariz para as pessoas irem para a rua.
A medida, divide opiniões. Há quem defenda o fechamento para evitar a propagação do vírus e também há quem defenda a abertura, respeitando os devidos cuidados de distanciamento social e higiene, o que afetaria menos a economia.
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) emitiu uma nota ainda na quarta-feira, pedindo a flexibilização do decreto, tendo em vista os prejuízos que a classe acumula e que pode ocasionar inúmeras falências (veja nota ao lado).
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Arroio do Meio (Acisam), Adailton Cé diz que a entidade também está muito preocupada, tanto com a saúde das pessoas, como com o impacto financeiro da pandemia no comércio e indústrias. Cé defende que a saúde deve vir em primeiro lugar, mas que, isolando as pessoas de mais idade e dos grupos de risco, assim como as vilas, onde as condições são mais precárias, as atividades laborais devem seguir, com os devidos cuidados de precaução. “Podemos enfrentar as duas coisas juntas para que alguns não fiquem tão prejudicados. É temerário atividades econômicas ficarem totalmente fechadas. Veremos situações muito dolorosas economicamente”.
Adailton acredita que o governador deve ter um bom embasamento para o decreto, atendendo alguma recomendação. Reforça que a saúde está fazendo sua parte, mas que o momento pede cautela e um meio termo, que prime pela saúde das pessoas e também pelos negócios. O empresário e líder de classe reclama da demora do governo em liberar os recursos anunciados para socorrer empresas e trabalhadores. “Tem que liberar com mais pressa possível. Está muito demorado. Os bancos deviam ser autorizados a liberar o dinheiro”, pontua.
Por fim, elogia a diversidade econômica de Arroio do Meio, que tem as maiores indústrias no chamado setor essencial – alimentação e saúde/higiene – e continuam operando.