Quando concorreu em 2016, o prefeito de Pouso Novo, Aloísio Brock (PTB), hoje com 45 anos, mal fazia ideia de que, além da crise institucional e econômica do país, em curso no início do mandato, teria que lidar com uma pandemia e a pior seca da história do município emancipado há 32 anos. Excepcionalmente, neste ano, toda a programação alusiva ao aniversário de Pouso Novo, que contaria com atrações como Paulinho Mixaria, a 3ª Feira da Agricultura, o Baile do município, e o lançamento do primeiro roteiro turístico, teve que ser cancelada.
Segundo Brock, num município essencialmente agrícola, a falta da chuva e dificuldades no abastecimento de água trazem complicações para praticamente todas as atividades.
Os efeitos da estiagem só não estão piores, porque o município se precaveu com uma série de medidas e está em andamento um investimento de R$ 1,28 milhão em melhorias no abastecimento de água, com recursos da Funasa. Metade já foi executada. Os outros R$ 640 mil já estão empenhados, mas falta a liberação do Governo Federal. Quando concluído, um dos reservatórios de 40 mil litros da Sede, situado em área de risco, será desativado. Serão instalados outros reservatórios de 270 mil litros na parte mais alta da cidade, que juntamente com um novo poço com vasão de 24 mil litros por hora, e outro conjunto de reservatórios de 40 mil litros, deverão resolver o abastecimento na zona urbana.
Outra região a ser contemplada com um novo poço já perfurado e redes já instaladas é a de Picada Castro e Barra Seca. Resta somente a aquisição e a ligação de uma bomba. Em outros pontos do município foram consertados vazamentos e encontradas soluções para melhorar a qualidade no abastecimento. Assim que o decreto de emergência for homologado, serão agilizadas outras melhorias pendentes, atrasadas pela burocracia. “Por enquanto todos os poços estão funcionando, mas em algumas localidades, pequenos investimentos trariam mais segurança no abastecimento. Quando nos elegemos, achávamos que quatro anos era muito, hoje percebemos que é pouco tempo para algumas realizações. Se a burocracia atrapalha quando as coisas estão dentro de uma normalidade, numa pandemia a situação é pior”, explica.
Segundo Brock, a população entendeu a gravidade da pandemia e segue as orientações repassadas em medidas sanitárias restritivas. No setor público, para evitar aglomerações, foi feito rodízio entre servidores, inclusive na Saúde. “O único caso suspeito deu negativo”. Inclusive os itinerários de transporte coletivo foram suspensos.
Por atender indústrias de alimentos, a maior empresa do município, a Monza Embalagens, manteve as atividades. O comércio de alimentos e insumos manteve funcionamento, mas seguindo normas de segurança sanitárias. As medidas fizeram com que as ruas ficassem desertas. Entretanto, comércio e hotelaria na BR-386 seguiram o decreto estadual. Alguns estabelecimentos chegaram a suspender contratos com funcionários e reduzir a jornada. Em geral, reuniões ou encontros com mais de 20 pessoas foram suspensos.
Desde a última quinta-feira, dia 16, foi autorizada a reabertura do comércio de bens de consumo em geral, desde que sigam as normativas.
Existe a intenção da prefeitura em promover uma higienização sanitária das ruas e calçadas, incluindo logradouros públicos. Mas como não foram registrados casos, a ação deverá ser postergada, para dar mais eficiência e promover economia do dinheiro público. “Não se tem noção do que exatamente vai ocorrer. A ideia é, aos poucos, é a retomada de alguns serviços sociais, como o transporte coletivo com metade das vagas. Nem todo mundo tem CNH ou veículo para fazer as compras essenciais no comércio”, observa.
Inevitavelmente a pandemia acabou atrasando obras e as licitações em andamento precisam ser iniciadas em junho, o que preocupa a saúde financeira. Mesmo que o repasse do FPM esteja sendo mantido e haja incremento do pedágio, a tendência é uma queda no ISS. “É um período em que, teoricamente, os políticos teriam que ser ousados e mostrar serviço, mas é preciso pensar duas vezes antes de tomar certas atitudes e evitar gastos que podem ser adiados, pois qualquer decisão equivocada pode comprometer uma carreira política. O corte de CCs geraria um desgaste muito grande. Optamos em fazer economia desligando secretários que vão concorrer, acumulando funções na coordenação”, explica.
Brock agradece o empenho de toda a equipe de servidores no cumprimento de seus deveres e lamenta a perda do coordenador da Defesa Civil, Ricardo Brenner, que adoeceu há alguns meses. Brenner também presidia o PTB.
OBRAS PROJETADAS – Entre as realizações previstas até o fim do mandato estão: a ligação asfáltica até a escola municipal de Picada Taquari com recursos próprios, a construção de um ginásio no educandário, com emenda parlamentar e o início do asfaltamento até as casas populares no Centro, por meio de um financiamento de R$ 1,1 milhão, do Avançar Cidades, além da aquisição de uma mini retroescavadeira para prestação de serviços em granjas. “Sabemos que o asfalto até a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, em Arroio do Leite, foi questionado politicamente. Mas a verba era do Ministério do Turismo, que exigia aplicação na finalidade. O local recebe devotos, turistas e eventos. Mas em anos anteriores também ocorreram equívocos em construir quadras cobertas na Barra do Dudulha e Linha Tigre, que hoje estão abandonadas”, explica.
BOAS EXPECTATIVAS – Segundo Brock, antes da estiagem e da pandemia, a economia local dava bons sinais de reação. A vinda da CCR, que além de incrementar a receita por 30 anos e gerar vagas de emprego, está melhorando a qualidade da BR-386, o que refletirá de forma positiva para o município. Os investimentos na Certel na construção de novas usinas hidrelétricas, também são promissores, em curto, médio e longo prazo. Além da geração de emprego e renda, oferta de energia elétrica, os municípios de Pouso Novo e Coqueiro Baixo, foram provocados pela cooperativa a buscarem recursos para construção de uma ponte sobre o arroio Forqueta.
Atualmente os funcionários da Certel levam mais de 1h15min para irem de um lado para o outro do arroio. Com a ponte, o percurso entre os dois municípios levaria menos de 15 minutos, e também beneficiaria a logística de integradoras e outras atividades econômicas, e intercooperações, inclusive com outros municípios das imediações. O investimento está orçado em R$ 750 mil, embora a ideia inicial era uma estiva baixa que custaria R$ 250 mil.
Brock ainda destaca a qualificação das agroindústrias, a cultura empreendedora que está enraizada nos pouso-novenses e o potencial turístico.
EFICIÊNCIA NA SAÚDE- Se os governos anteriores tinham dificuldades em preencher todas as especialidades medicas e, às vezes, até manter um clínico geral, à disposição da população, a atual Administração, tem tido o apoio do Programa Mais Médicos, e realizou a contratação de uma empresa especializada, garantindo funcionamento completo e economia. Os idosos também estão bastante satisfeitos com as aulas de pilates e criação do Grupo de Danças Sênior.
FROTA DE MÁQUINAS E VEÍCULOS – O prefeito avalia que falta pouco para a frota de veículos e máquinas estar completa. Segundo ele, o rolo compactador está realizando um ótimo trabalho na recuperação e melhoria das estradas municipais. Futuramente será necessária a aquisição de um caminhão prancha, para o transporte do rolo; de uma escavadeira hidráulica com rompedor, para o rompimento de rochas, diminuindo a necessidade de suporte de uma retroescavadeira e de reparos paliativos; de mais uma retroescavadeira e mais uma carregadeira para silagem.
Brock se diz contrário a leilões de máquinas velhas em bom estado a um preço baixo. “Não é preciso ter operadores para todas. Mas hoje é delicado paralisar serviços mais complexos no interior, para atender pequenas emergências na cidade ou outro ponto do município, que poderiam ser supridas por uma máquina velha. Temos 100km de estradas. Infelizmente como o maquinário é caro, as vezes a manutenção exige licitação. A população acaba não compreendendo porquê as máquinas acabam ficando 45 dias paradas. Nossa frota é boa, mas se cuidarmos ainda melhor, não precisamos realizar tantos leilões”, observa.
ÊXODO RURAL É UMA QUESTÃO DE PONTO DE VISTA – Para Brock, o êxodo rural não é uma exclusividade de Pouso Novo e sim tem a ver com a liberdade dos jovens de se desafiarem a buscar outras oportunidades na vida. Muitos pouso-novenses tiveram sucesso em outras estâncias, mas alguns acabaram voltando, porque percebem que, na prática, os sonhos não eram tão viáveis ou interessantes, e no município também há oportunidades. Além disso, o custo de vida de uma metrópole é maior. “Havia muitos casos de propriedades em boas condições, mas os jovens não queriam seguir essas atividades. Não é culpa da gestão pública. Eu também saí e voltei. Hoje na agricultura, qualquer um que tem uma granja de aves ou suínos, aliada à atividade leiteira ou hortifruticultura, ganha mais que o prefeito” compara.
Brock reconhece que há um déficit de vagas de emprego no Centro, que em médio prazo será contornado, graças à localização estratégica do município – no coração da BR-386 – e a investimentos em usinas hidrelétricas, aliadas ao custo benefício das áreas de terras para investimentos em diferentes modalidades. Segundo o prefeito, há muitos empreendedores de fora interessados em investir, porém, a pandemia atrasou negociações. Além de empresários locais com planos de expansão. O município dispõe de áreas à venda, inclusive algumas propriedades com granjas equipadas e potreiro, que são oportunidades para quem queira esse estilo de vida.