Cansados das sucessivas quedas e faltas de energia elétrica, e dos consequentes prejuízos, moradores do distrito de Forqueta e de parte de Rui Barbosa, Arroio do Meio, tiveram uma reunião com representantes da RGE na noite de segunda-feira, na Casa de Cultura. Na oportunidade, aproximadamente 100 pessoas participaram e apontaram os problemas que vêm ocorrendo no fornecimento de energia elétrica, de forma recorrente e há tempo.
Paulo Grassi, que coordenou o encontro disse que, no dia 31, a queda de três postes em Rui Barbosa deixou usuários sem energia elétrica por mais de 12 horas. Também houve falta de energia no período depois do Natal, quase que diariamente.
Mesmo que em períodos menores, a falta de eletricidade causou transtornos. Muitos moradores tiveram equipamentos e aparelhos elétricos queimados e perdas nas produções, como é o caso do leite, que precisa ser mantido refrigerado. Grassi relatou que, num único dia, perdeu 500 litros por causa de um problema causado no resfriador, em função da queda de uma fase da energia. Além do leite perdido, teve de arcar com o custo do conserto do equipamento. Assim como ele, muitos relataram prejuízos e disseram ser muito burocrática a forma de buscar o ressarcimento junto à RGE.
Dentre as reclamações estão a precariedade dos postes de madeira que sustentam a rede, a falta de manutenção, e, principalmente, a demora em atender as ocorrências de falta de energia. Segundo os moradores, é muito difícil conseguir contato com a RGE para informar o problema e, depois de informada, a concessionária demora muito para restabelecer o serviço. Relataram que, às vezes, é só uma chave caída, o que poderia ser resolvido em uma hora, mas leva 36 horas ou até mais.
Na questão dos postes, os moradores questionaram o porquê de as substituições só ocorrerem quando acontece a queda. Afirmaram que há casos em que é visível que o poste está podre e caindo, mas não há qualquer providência por parte da empresa. Defenderam a troca preventiva, sem a necessidade de os usuários serem penalizados pela falta de energia de forma repentina, visto que a queda dos postes se dá, muitas vezes, sem vento ou chuva. Além de tudo, há o risco de pessoas serem atingidas.
A consultora de negócios da RGE no Vale do Taquari, Katiele Walendorff dos Santos e o coordenador de operações Leandro Queiroz da Cunha ouviram os apontamentos da comunidade, explicaram alguns pontos e se colocaram à disposição para ajudar. Katiele disse que a concessionária substitui, diariamente, 256 postes de madeira pelos de concreto em toda sua área de abrangência. Em Arroio do Meio, a maioria dos postes (69%), já é de concreto, enquanto que os de madeira totalizam 2.387 (31%). Informou ainda que há um levantamento dos postes que precisam ser substituídos em Forqueta, mas não soube precisar quantos e quando será feita a substituição. Ressaltou que as equipes, às vezes, fazem uma medida paliativa para manter a rede em funcionamento.
Katiele e Leandro esclareceram questões pontuais e observaram que a demora no restabelecimento, às vezes, se dá em função da alta demanda das equipes, que também precisam seguir protocolos, inclusive de segurança, a fim de evitar acidentes. Sobre o atendimento no 0800, destacaram que o call center é em São Paulo e que há uma limitação no estado na saída de ligações simultâneas, o que dificulta quando muitas pessoas estão tentando ligar ao mesmo tempo. Por isso sugeriu que os problemas sejam comunicados pelo aplicativo ou por SMS, informando o código de cliente.
Os representantes da RGE ainda ponderaram que a AES Sul ficou muito tempo sem fazer investimentos na manutenção das redes e, desde que o grupo CPFL assumiu as atividades, está trabalhando para melhorar o todo. “Não vamos dizer que está tudo perfeito. Mas estamos trabalhando para resolver os problemas”, salientou Katiele, observando que a mobilização da comunidade, chamando a concessionária para uma conversa, irá auxiliar no atendimento de sua demanda.
Os vereadores Roque Hass, Adiles Meyer e Marcelo Schneider também se pronunciaram e defenderam a necessidade urgente de melhorias nas redes, não só de Forqueta, e no atendimento. Observaram que Forqueta é um distrito que se destaca pela produção primária e que as pessoas precisam ser bem-atendidas pois a falta de energia elétrica causa inúmeros transtornos e prejuízos. O secretário de Obras, Paulo Heck, também responsável pela Defesa Civil, disse que o município tem sido parceiro da comunidade, buscando intervir sempre que possível, inclusive no contato com a RGE.
Encaminhamentos
Ao final, os participantes do encontro decidiram que o abaixo-assinado que está sendo elaborado pela comunidade será entregue por um grupo de representantes de entidades do distrito na sede da RGE, em Lajeado, visando motivar a gerência regional a dar prioridade para Forqueta.
Os moradores também devem levar a situação da precariedade nos postes para o Ministério Público Federal, tendo em vista que a má conservação oferece risco à integridade física e à vida das pessoas.
No tocante ao ressarcimento dos prejuízos, que os produtores alegaram ser difícil de obter, foi sugerido que o grupo se una, buscando a reparação via judicial, de forma coletiva. Ontem à tarde, estava prevista uma reunião com a advogada do STR para tratar do assunto.
Outra definição é de que será feito contato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que regula o serviço de distribuição de energia, visando a fiscalização do serviço prestado. Além da sugestão de uma audiência em Brasília com a Aneel, os deputados federais ligados ao município podem interferir.