ELUISE HAMMES – Professora e Vice-prefeita
Dia 23 de dezembro era dia de buscar o pinheirinho, que era escolhido a dedo, considerando seu tamanho e seu formato. Queríamos muito uma linda árvore de Natal. Era preciso cuidado para não quebrar nenhuma ponta da árvore tão aguardada na véspera da festa do nascimento do Menino Jesus.
Definido o local onde seria instalado, pegava-se a lata ou balde, enchia de cascalhos, areia pedras e água para fixar e manter o majestoso pinheiro que exalava seu cheiro por toda a casa. Era o cheiro de Natal.
Verificava-se o melhor ângulo da árvore, melhor desenho dos galhos que se estendiam como braços esperando os enfeites. Logo se trazia a barba de pau que era depositada sobre os espinhos. Em seguida vinham as lindas, coloridas e frágeis bolinhas de Natal. Presas num fino fio, era enorme o cuidado para não quebrar nenhuma delas. E para finalizar, imitando neve, colocava-se flocos de algodão, chegando até a pontinha mais alta do pinheiro.
Mil vezes olhava para essa linda árvore. Era incrível. Maravilhosa. Ia e voltava guardando toda ansiedade da chegada do Papai Noel. Tínhamos muito medo do Papai Noel, pois para tudo se ouvia “Cuidado que o Papai Noel está vendo”, “Cuidado que o Papai Noel não vai trazer teu presente” ou “Precisa deixar tudo limpo senão ele não vem”. De tanto falar nele, em cada barulho, movimento, vento, lá estava o Papai Noel, só que nunca conseguíamos vê-lo.
Dia 24 de noite íamos para a missa. Voltávamos da celebração a passos largos para finalmente receber o nosso presente. Não tinha momento mais especial e mais aguardado. Era muita alegria, magia e expectativa para ver o que ele deixou. Não víamos o Papai Noel, mas o importante é que ele tinha deixado o nosso presente. Estava lá, ao lado do pinheiro.
No dia 25 era dia de visitar a casa da vovó. Lá tinha algo encantador, que mexia demais com nosso imaginário e sentimento: o presépio. Ficávamos horas sentados em frente, olhando todos os detalhes. Cada personagem numa posição diferente, mostrando movimento, um minimundo.
Uma história viva, onde os três Reis Magos seguem a estrela trazendo em suas mãos presentes para o Menino Jesus, que está deitado na manjedoura de braços abertos para o mundo. Os pastores, em meio ao campo em completa harmonia, pastoreiam suas mansas ovelhas. A família, o José e a Maria, prostrados contemplam o lindo Menino Jesus envolto em panos. Paz, harmonia são os sentimentos que perpassam todo o contexto do presépio.
Além desses elementos, a criatividade e os detalhes, o papel que formava enormes rochas, pedrinhas para os caminhos, plantas e ramagens verdes. Tudo encantador. Queríamos muito, mas muito mesmo, ter um presépio, mas infelizmente não tínhamos condições.
O tempo passou e algumas coisas facilitaram. O pinheiro não murcha mais e as bolinhas não quebram mais. Vários modelos de presépios no mercado para comprar. Muito Papai Noel na rua e nas lojas, enfeites nas casas iluminam pátios e cidades. Mas nada substitui o presépio, que continua sendo a história envolvente de esperança.
Vemos na singeleza do presépio, a busca pelo simples, de parar para a contemplação e perceber a história do nascimento do menino Jesus como uma forma de renascer, de ter uma luz a nos guiar, apontar caminhos para o bem e para a fraternidade. Que o nosso Natal também nos permita isso e que a alegria de celebrar a vida em família, seja o maior e melhor dos presentes!