Com o intuito de conhecer um pouco melhor o mundo, o publicitário Jonas Sebastiany Alves, 29 anos, natural de Arroio Grande, Arroio do Meio, esteve por um período de nove meses na Europa. Entre os dias 29 de dezembro de 2018 e 29 de setembro de 2019, conheceu a Romênia, Hungria, Tchéquia (República Tcheca), Áustria, Alemanha, Sérvia, Irlanda, Holanda, Bélgica, França, Itália, Albânia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro e Inglaterra, realizando um sonho pessoal. “Entendi que era o momento certo”.
A possibilidade de poder conciliar a viagem e o trabalho permitiu que isso acontecesse. Além de atender aos clientes e desenvolver os projetos da agência, especializada em branding, da qual é sócio proprietário, prestava serviços de social media – divulgação nas redes sociais – para hostels, em troca da estadia e alimentação.
A existência de plataformas que intermediavam a contratação destes serviços em troca dos benefícios, permitiu uma programação. “O conceito de nomadismo digital estabelece que, desde que exista conexão com a internet e um laptop, pode-se trabalhar de onde quiser. E por quê não aproveitar? ”.
O primeiro impacto marcante da viagem, foi no desembarque em Frankfurt, Alemanha. “Quando saí de SP a temperatura marcava 32 graus. Cheguei no auge do inverno europeu. Estava conversando com um japonês e um espanhol quando me dei conta de que estava presenciando a neve pela primeira vez na vida”, relata.
Sua trip iniciou pelo leste europeu, fora da zona do Euro, por ser mais barato e por ser uma região onde há mais a descobrir com os próprios olhos, já que o conteúdo midiático disponível sobre ela é menor. Alves preferiu evitar, num primeiro momento, destinos mais óbvios. Também foi estratégico, pois o acordo do Schengen, prevê que brasileiros só têm uma liberação de 180 dias para poder escolher 90 dias para circularem na Zona do Euro.
Na Romênia e Albânia, onde ficou por aproximadamente três meses, conheceu um povo muito receptivo, muitas belezas naturais exuberantes, com praias de águas cristalinas. A maior dificuldade em comunicação, foi nos países com idioma de origem eslava, especialmente com pessoas mais velhas. Com os jovens e proprietários de hostels, era possível falar inglês. “Na região da antiga Iugoslávia se via bastante a marca das guerras, resquícios de bombas de napalm nas rochas, bunkers para proteger a população de ataques e uma economia ainda subdesenvolvida, em comparação com o restante do continente europeu. E alguns povoados um pouco mais retraídos, desconfiados e com rixas presentes […] Há muitos fumantes e não há lei que proíba fumar em locais fechados, com exceção do inverno, onde por uma conveniência cultural, os fumantes saem para fumar”, revela.
No início Jonas também estranhou um pouco a gastronomia, mas conseguiu se adaptar facilmente. “Em termos de fartura de alimentos, nada se compara ao Brasil”, explica. Para se locomover, utilizou basicamente caronas.
Na zona do Euro, constatou uma economia bastante diversificada, uma infraesturura logística de qualidade em todos os modais viários – com passagens aéreas bastante baratas – e a presença de turistas em peso. Gostou bastante da Itália, onde ficou por 45 dias, especialmente pela culinária e empatia dos italianos. “Há uma energia muito forte no Coliseu, Paladino, Foro Romano e na Roma Inteira”, destaca.
Na Alemanha, percebeu o povo um pouco mais fechado, nos primeiros contatos, mas bastante cordial à medida da integração. A França, menos receptiva com os turistas.
Considerou Berlim e Londres, cidades 24h, com atrações e programações para todas as idades, gostos e estilos. Já Dublin na Irlanda, a cidade mais preparada para agradar brasileiros, que estão bastante presentes neste país para trabalhar. “Se encontra coxinha e Guaraná Antarctica”.
O principal choque social são os africanos que migraram para a Europa, sem ter a qualificação necessária para as oportunidades de trabalho. Alguns deles tentam ganhar um dinheiro, envolvendo a “Magia da África” como moeda de troca e perseguem turistas e europeus.
Na Europa, como um todo, percebeu que a matriz energética provém das energias nuclear, eólica e das termoelétricas de carvão. Outro destaque é para estrutura de calefação presente no transporte público e nos imóveis. Em alguns países, a cerveja de qualidade era mais barata do que a água potável nos supermercados. Vinhos que aqui no Brasil chegam a R$ 50, lá custam a partir de três euros.
Segundo Jonas, o ideal, para encarar a experiência, é ter alguns meses de reserva financeira. “Um dos segredos é fazer dinheiro enquanto se está viajando. Isso permite que sintamos a sociedade dos europeus como os locais. Para quem se organiza, a alimentação e bebida é tranquila. Só é preciso tomar cuidado com os restaurantes caça-turistas”, explica.
Além de conhecer novas culturas, ele valoriza principalmente as amizades feitas, o que torna a viagem ainda mais especial. “Em nenhum momento me senti em perigo. Muito pelo contrário. Lá ninguém mexe no que não é seu. Os brasileiros deveriam se inspirar nisso, pois a corrupção começa nas pequenas coisas […] Quando se está viajando, especialmente sozinho, estamos muito mais receptivos a outras pessoas que estão buscando o mesmo tipo de vivência, o que torna as experiências muito positivas. Hoje tenho amigos em todos os cantos da Europa. Isso apenas evidencia que o mundo pode ser um lugar melhor, e só depende das pessoas”, reflete.
O publicitário já esta organizando a próxima trip que possivelmente será na Ásia e Oceania, onde pretende ficar por 18 meses. “A Tailândia é o paraíso dos nômades digitais por ter internet rápida a custos baixos. O fuso horário é questão de organização. E a cultura asiática é algo completamente diferente”, conclui Jonas. Ele, futuramente, pretende conhecer mais da América Latina e outros estados do Brasil. “Só conheço o RS, SC, PR, RJ e SP. Infelizmente o turismo é mal explorado no Brasil. A violência do RJ é um exemplo claro”.
A atual experiência será traduzida em crônicas para inspirar outras pessoas. “A bagagem cultural nos transforma bastante”.