O fim de ano é uma das datas mais esperadas para o setor varejista e também para o trabalhador. O 13º salário injeta valores consideráveis na economia. Para quem recebe, é a chance de colocar as contas em dia, comprar algo diferenciado ou de maior valor, ou poupar. Para o comércio, o Natal é a melhor época do ano, justamente pelo incremento no bolso do trabalhador. Neste ano a liberação de parte das contas ativas do FGTS promete movimentar ainda mais as vendas de fim de ano, animando o setor.
Crescimento nos mercados: Os supermercados gaúchos projetam um crescimento de 9,5% nas vendas de Natal e Ano-novo, em 2019, na comparação com o ano passado. O otimismo é apontado em estudo encomendado pela Agas ao Instituto Segmento Pesquisas e revelado pelo presidente da entidade, Antônio Cesa Longo.
Além das perspectivas positivas em vendas, o levantamento mostra que os preços de itens típicos de Natal e Réveillon estão em média 8,5% superiores aos praticados nas festas de 2018, e que 90% dos supermercados farão promoções especiais ao longo de dezembro.
De acordo com o presidente da Agas, a ocorrência das festas em dias de semana – neste ano, os feriados de Natal e Ano-novo caem na quarta-feira – será um dos fatores decisivos para o crescimento nas vendas. “O calendário possibilitará que o consumidor fracione suas compras, visitando mais vezes o ponto de venda. Haverá a compra do final de semana e uma nova visita às lojas na véspera do Natal e do Ano-Novo”, antevê Longo.
Segundo a estimativa da Associação, os caixas dos supermercados deverão receber cerca de R$ 2,8 bilhões advindos do 13º salário, sobretudo em compras de itens típicos para as festas, como aves natalinas, bombons, espumantes, lentilha, bebidas e presentes.
As vendas deverão ter um incremento na ordem de 9,5% em relação ao ano passado. Os produtos com maior expectativa de crescimento são, pela ordem, os presentes para família (+13,5%), os vinhos (+13%), itens de bazar (+11,7%) e pescados (+11,2%). Destacam-se, ainda os refrigerantes e cervejas (ambos com previsão de +9,9% nas vendas). Por outro lado, os produtos cujas expectativas de vendas dos empresários estão mais baixas são os destilados (+3%), os brinquedos (+7%) e as especiarias (+8,1%).
A pesquisa do Instituto Segmento mostra também que, em média, os itens típicos para as festas estão 8,5% mais caros em 2019. A alta, puxada sobretudo pela subida do dólar, é alavancada por produtos como pescados/bacalhau (+12,5%), vinhos e eletrodomésticos (+10%) e itens de bazar (+8,6%). Entre os produtos que subiram menos que a média, destacam-se o espumante (+6,3%), os brinquedos (+6,7%) e a carne bovina (+7%).
Ao contrário do ano passado, quando os consumidores mostravam a intenção de presentear em média seis pessoas no Natal, em 2019 a média de entes agraciados por consumidor é de 4,5 pessoas. O valor médio por presente, segundo o Instituto Segmento, será de R$ 108.
Segundo o presidente da Agas, o setor comercializará seis milhões de caixas de bombons nestas festas. “É o tradicional presente de última hora, e cerca de dois milhões de caixas de bombons serão vendidas na semana antecedente ao Natal”, sublinha Longo.
Contratos temporários: A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que a oferta de vagas temporárias para o Natal de 2019 será a maior em seis anos. Segundo projeção da entidade, serão contratados 91 mil trabalhadores temporários neste fim de ano para atender ao aumento sazonal das vendas. O número é 4% maior do que o registrado em 2018 (87,5 mil). O Natal deve movimentar R$ 35,9 bilhões em 2019.
“Contribuem para a retomada parcial do nível de atividade do setor a inflação baixa, os juros básicos no piso histórico, os prazos mais amplos para a quitação de financiamentos e, principalmente, a liberação de recursos extraordinários para o consumo, como os saques no FGTS e no PIS/Pasep”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.
De acordo com o estudo da CNC, os maiores volumes de contratações deverão ocorrer nos ramos de vestuário (62,5 mil vagas) e de hiper e supermercados (12,8 mil). O faturamento do varejo cresce em média 34% na passagem de novembro para dezembro, enquanto no segmento de vestuário esse percentual costuma subir 90%.
Vendas devem ser maiores: Para a presidente da CDL de Arroio do Meio, Leonisia Kunzler, tudo indica que será um bom final de ano para o varejo. Observa que há projeções estimando que as vendas de período sejam as melhores dos últimos seis anos. Isto em função do 13º salário, a liberação da parcela das contas ativas do FGTS e o volume maior de crédito.
Leonisia percebe que 2019 foi um ano de reorganização e muito aprendizado. Diz que o consumidor está comprando de forma mais contida e consciente e que o mercado já dá sinais de reação. Projeta que para o fim de ano as vendas devem ter crescimento entre 2% e 5%, em relação a 2018. “Todos querem algo novo para o Natal e o fim de ano. Dá para perceber que o consumidor está comprando presentes de menor valor, que cabem dentro do seu orçamento”, pontua, observando que para o varejista, às vezes, é mais importante a qualidade da venda, do que a quantidade.
Boas perspectivas: A gerente da Color Tintas de Arroio do Meio, Aline de Brum prospecta aumento de 5% a 10% nas vendas de final de ano. Além da liberação do FGTS e do 13º salário, avalia que as condições do tempo são favoráveis para a pintura. Tem percebido que o movimento da loja já tem aumentado e espera que siga assim até o fim de ano.
Recuperação de crédito: O SPC de Arroio do Meio, de janeiro até novembro deste ano, teve 4.179 inclusões e no mesmo período 2.207 exclusões de registro, gerando um índice de recuperação de 52,81%.
Esse índice de recuperação de crédito pode aumentar nos meses de novembro e dezembro, devido ao consumidor receber o 13º salário e liberação do saque de parte do ativo do FGTS, fazendo com que ele quite seus débitos e possa efetuar suas compras a crédito para o Natal.
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de registros de dívidas vencidas e não pagas e o indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir das exclusões de registros informadas ao SPC pelas empresas credoras associadas à entidade.