A cadeia da produção de leite segue com desafios cada vez maiores e parece que a correnteza contrária não esmorece e não dá tréguas. Pois além dos elevados custos de produção, com uma tendência de crescimento contínuo, constata-se a queda no consumo, fazendo que no mercado interno o produto sofra com a baixa de preços, registrando nos últimos três meses uma queda de 11% na remuneração aos produtores.
Para o corrente mês de julho, o preço de referência definido pelo Conseleite será de R$ 1,0486 pelo litro pago ao produtor e este valor representa um recuo de 6,43% em relação ao mês anterior. Este fato é um reflexo do aumento da oferta (mais produção) e, como já coloquei, a queda no consumo, resultando no aumento dos estoques, em especial de leite em pó, nas indústrias produtoras.
E o segundo ponto de análise em relação à cadeia do leite, diz respeito ao “Mercado Chinês”. Estão muito bem encaminhados futuros, ou até próximos, negócios de exportações de leite em pó, queijo e leite condensado para aquele país asiático.
O Brasil tem hoje um total de 24 estabelecimentos industriais credenciados para comercializarem produtos lácteos para a China e deste total seis plantas são do Rio Grande do Sul.
A ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina esteve na China no mês de maio, tratando pessoalmente com órgãos governamentais sobre a habilitação pendente, sabendo-se que desde 2007 havia a certificação acordada, faltando a finalização dos acordos.
Essa provável abertura de mercado poderá reverter em benefícios para os produtores brasileiros e gaúchos, com o escoamento de grandes quantidades de leite em pó estocadas nas indústrias, considerando que aquele parceiro comercial tem um potencial consumidor extraordinário. Apenas a título de informação, a China tem atualmente em torno de 1,405 bilhão de habitantes, contra 210 milhões de brasileiros, ou seja, aproximadamente sete vezes a nossa população. E essa multidão precisa alimentar-se e o Brasil pode ser um fornecedor estratégico, e qualificado para atender demandas vindouras.
QUEIJOS ARTESANAIS
Há algumas semanas fiz referências sobre aprovação, no Congresso Nacional, de Projeto de Lei que tratava da elaboração e comercialização de queijos artesanais destacando a importância do fato para a agricultura familiar, especialmente os pequenos produtores de leite que não conseguem atender às exigências das mais recentes normas, como as Instruções Normativas números 76 e 77.
O Diário Oficial da União publicou, no dia 19 de julho, semana passada, a Lei Federal nº 13.860, sancionada pelo Presidente da República, oficializando as regras da produção e comercialização de queijos artesanais.
O artigo 6º da mencionada Lei diz que “a elaboração de queijos artesanais a partir de leite cru fica restrita a queijaria situada em estabelecimento rural certificado como livre de tuberculose e brucelose, de acordo com as normas do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal ou controlado para brucelose e tuberculose por órgão estadual de defesa sanitária animal, no prazo de até três anos a partir da publicação desta Lei, sem prejuízo das demais obrigações previstas em legislação específica”.
Paralelo a essa iniciativa, o Governo Federal também publicou normas sobre o processo de fiscalização de produtos alimentícios de origem animal, produzidos de forma artesanal, criando o Selo ARTE. Este assunto deverá ser objeto de considerações na próxima semana.
PARABÉNS COLONOS E MOTORISTAS
A data oficial de comemorações e homenagens a essas categorias de trabalhadores foi ontem, 25, mas não vejo nenhum problema em estender os cumprimentos para o dia de hoje, ou ainda a qualquer dia. O Colono e o Motorista têm uma missão ininterrupta, permanente, onde cada novo dia é mais desafiador do que o outro. As muitas referências, inclusive com feriados em alguns municípios, representam um justo reconhecimento e um muito obrigado!