Questionado acerca da crise que envolve a cadeia leiteira, o presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, observa que durante todo o ano de 2017 o leite apresentou preços inferiores aos praticados em 2016. Inclusive no período de entressafra – março a agosto. “Estamos chegando ao final do período de safra e tudo indica que, a partir de março, a oferta de leite deverá reduzir, o consumo aumentar e os preços deverão melhorar”, prospecta.
Carlos Alberto descarta demissões na indústria e diz que elas só devem ocorrer se houver uma drástica redução de matéria-prima, o que dependerá de quanto a crise afetou os produtores de leite. Para ele, a saída da crise passa obrigatoriamente pelo aumento da qualidade e da produtividade. “O produtor precisa melhorar a gestão do negócio leite para obter ganhos de produtividade e de qualidade. Com isso, poderemos disputar o mercado internacional do leite e, sem isso, continuaremos na condição de importadores. Há, ainda, o agravante do baixo poder aquisitivo do povo brasileiro, que o leva a consumir somente alimentos de baixo preço. Com renda baixa, o consumo fica restrito ao que cabe nesse orçamento que, por sua vez, puxa o preço para baixo”.
Contudo, diz que é preciso reconhecer que o produtor encontra uma série de dificuldades para produzir um produto padrão internacional, pois está competindo com produtores com custos de produção mais acessíveis, que não operam com altas taxas de juros, com carga tributária elevada, com legislações trabalhista e ambiental onerosas e também não sofrem a falta de estrutura que existe aqui. Além disso, as máquinas, defensivos, adubos e sementes também têm custo mais alto no Brasil do que nos países tradicionais produtores de leite. “Diante dessa realidade, o produtor só tem uma saída: melhorar os resultados de produtividade como produtor e melhorar a qualidade do leite; por outro lado, as instituições que representam os produtores de leite precisam lutar para impor cotas de importação para os países do Mercosul e estimular o consumo interno de leite, através de campanhas nacionais, mostrando o leite como um alimento benéfico à saúde”.
Apesar de todo negativismo atual em relação à pecuária leiteira, Carlos Alberto diz que continua acreditando que a atividade é uma das melhores oportunidades de renda para a agricultura familiar, desde que se obtenha índices de produtividade e qualidade similares aos dos países considerados eficientes.