O mercado financeiro projeta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – em 3,95% para 2018. Um pouco acima dos 2,94% registrados em 2017, considerado o índice mais baixos do últimos 13 anos. Porém, os cálculos divulgados pela equipe econômica do Governo Federal não condizem com a realidade do orçamento das famílias e empresas.
O fantasma do momento é a energia elétrica, cujo reajuste previsto é de 25% na área de atuação da RGE Sul. O aumento soma-se aos do gás de cozinha e da gasolina, que ficaram aproximadamente 20% mais caros em seis meses, e do óleo diesel em 10%. O RS tem a média mais alta do Brasil em combustíveis, R$ 0,15 mais caro por litro que a média nacional.
Na microrregião de Arroio do Meio, Capitão, Marques de Souza, Pouso Novo e Travesseiro, os preços mais baixos são R$ 4,19 para gasolina (Arroio do Meio e Marques de Souza), R$ 3,18 para o óleo diesel (Arroio do Meio) e R$ 3,86 no etanol (Arroio do Meio). E os mais caros respectivamente são R$ 4,73, R$ 3,96 e R$ 4,06, todos em Arroio do Meio.
Em alguns postos de combustíveis, os administradores revelam que os proprietários de veículos de passeio têm abastecido com até 20% menos frequência. Eles estimam que os consumidores estejam pesquisando ofertas, utilizando os veículos de forma mais racional – só saem quando precisam com planejamento –, ou ainda de maneira compartilhada: dividindo despesas nos deslocamentos com familiares, amigos e vizinhos. Além do uso de veículos alternativos sustentáveis que não consomem ou consomem pouco combustível, como bicicletas e motocicletas.
Já os prestadores de serviços têm otimizado a logística – girando menos e fazendo mais –, negociado preços à vista e renegociado dívidas. Isso, porque enquanto o diesel aumentou 10%, o frete praticamente não teve reajuste. As poucas empresas que reajustaram, subiram em 0,76%. O mínimo para o equilíbrio econômico, segundo especialistas em transportes, seria 3%.
Os casos de inadimplência ainda estão abaixo de 2008 quando a economia estava aquecida. Isso porque o filtro de cadastro de clientes para compras a prazo evoluiu. Mesmo assim, a tendência é de que haverá transportadores com dificuldades de pagar a prestação dos investimentos e o custo operacional, o que pode obrigá-los a vender veículos para manter o capital de giro.
De acordo com os posteiros, a margem de lucro na comercialização dos combustíveis caiu 30% nos últimos 10 anos, o que motivou a oferta de outros produtos e serviços nos estabelecimentos para agregar receita. Alguns empreendimentos implantaram sistema próprio de vendas a prazo, pois o custo de gerenciamento é inferior às taxas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito.
O empresário José Elton Lorscheiter, o Pantera, está na torcida por uma queda do valor do barril no mercado internacional ou outra mudança do cenário econômico. Em tese, isso obrigaria a Petrobras e as refinarias a também baixarem os preços no mercado interno, conforme prometido na nova política de gestão da estatal.
Outros comerciantes, que não quiseram se identificar, fazem ressalvas aos consumidores quanto às promoções. “Nem sempre é vantajoso comprar em outra região. É preciso considerar a distância percorrida. Há também postos vendendo abaixo do preço das refinarias. Nem sempre o desconto representa economia. É preciso avaliar o desempenho e os riscos”, dimensionam.
A maioria dos empresários não tem esperança de mudanças em curto prazo na política de preços. A grande expectativa fica em torno das eleições de outubro.
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