Fazer exercícios físicos, melhorar a alimentação, ler, visitar aquele amigo querido, passar menos tempo na frente da televisão, eliminar aqueles quilinhos que incomodam. As resoluções de ano novo são muitas. Raras são as pessoas que no dia 31 de dezembro não se comprometem a fazer mudanças em sua rotina a partir do dia 1º de janeiro. Mais comum ainda é encontrar pessoas que chegam no dia 31 de dezembro e não conseguiram cumprir suas “promessas”. Passa ano e sai ano e nada muda.
O problema para não conseguir alcançar os objetivos pode estar exatamente na quantidade deles. O coach, instrutor e mentor do Processo +, Luis André Weizenmann, diz que quem quer mudar muitas coisas não tem clareza quanto ao que é necessário fazer e, por isso, tem dificuldade de concretizar a mudança. Para lograr êxito, ele recomenda segmentar a vida em três pilares: pessoal, familiar e profissional e, para cada um destes pilares, fazer uma lista com os cinco itens mais importantes e que devem receber atenção especial. Destes cinco, um deve ser eleito para que, de fato, receba toda a atenção necessária. Assim, como uma lista extremamente pequena – com um projeto em cada área de vida – chegar ao final do ano com a resolução alcançada fica muito mais fácil.
Mesmo assim, é preciso atitude e foco para que este projeto se concretize. Weizenmann salienta que é necessário ter consistência. Se alguém deseja caminhar ou correr, por exemplo, precisa organizar sua rotina de forma que a atividade se encaixe nela. E se um dia não conseguir colocar o exercício em prática, não deve desistir e seguir firme no propósito, retomando-o no dia seguinte. “Fazer uma lista é o primeiro passo. Você não constrói uma casa tendo ela apenas na mente. Até que ela não estiver no projeto, ela não existe”, compara.
Com a listinha também é mais fácil manter o foco. “Perdeu o foco, lembra da lista. Tendo escrito o que é mais importante, se manter no foco é mais fácil”, assegura, dizendo que visualizar o que se deseja todos os dias, também contribui para alcançar o propósito.
Crenças limitantes
Pela experiência, Luis André observa que as listinhas são, na sua grande maioria, compostas por itens ligados ao ser e não ao ter. Até porque, questões materiais também estão diretamente ligadas ao comportamento. “Como juntar dinheiro se não tenho o hábito de poupar, de guardar um pouco todo mês?”, reflete, dizendo que muitas pessoas acreditam que só vão conseguir adquirir algo se estiverem comprometidas com uma prestação ou uma parcela de um financiamento. “Mas se consigo pagar uma prestação, porque não consigo guardar o mesmo valor e comprar aquele bem à vista? Poupar todos os meses é como pagar um imposto para mim mesmo”.
Para o coach o que acontece é que as pessoas estipulam um objetivo, mas não trabalham a sua mente para alcançá-lo. Por trás disso podem estar atuando crenças limitantes, como um jargão muito conhecido e falado: ‘dinheiro não traz felicidade’. Esta ideia, pode estar impregnada no subconsciente e, com isso, limitar a prosperidade. Automaticamente, acontece uma autossabotagem toda vez que há abundância financeira, já que lá no subconsciente está registrado que dinheiro é sinônimo de infelicidade. Então adota-se de forma inconsciente a postura de que é ‘melhor não ter dinheiro e ser feliz’.
No intuito de se evitar a formação dessas crenças, Luis André diz que é importante estar atento ao que se fala e em especial ao que é dito para as crianças, ainda quando estão na barriga da mãe. Afirma que há estudos que apontam que o período até os dois anos de idade das crianças, é aquele em que há mais interação e elogios por parte dos pais. Depois, até os sete anos, é o período de maior repreensão e, na sequência, ela ouve um sim a cada 10 nãos. “Por isso somos tão negativos, temos a tendência a reclamar. Ouvimos muito mais não do que sim”, conclui, afirmando que é preciso ressignificar estas crenças: “Nem tudo o que te falaram que é errado, o é de verdade”.
Sair do automático
Ainda sobre a virada de ano, o mentor do Processo + diz que é preciso olhar para o ano que passou com gratidão e se dar conta do quão vencedor foi. Olhar para os desafios e dificuldades superadas, ser grato por isso e usar esta energia para fazer um ano novo melhor e não passar mais um ano no automático. “As vezes só damos valor quando perdemos algo”, pontua, destacando que o automático impede que se perceba a importância do corpo saudável, com braços e pernas com movimento perfeito e também das pessoas, dos amigos e entes queridos que as vezes estão perto mas acabam se vendo apenas em velórios.
Para sair desta forma automática de viver é preciso se reencontrar, se autoavaliar, resgatar o ser que está em cada um, o que nem sempre é possível na conturbada sociedade atual. “A sociedade não nos oferece isso hoje. Por isso eu sou muito apaixonado pelo meu trabalho, por fazer as pessoas despertarem para tudo isso”, diz Weizenmann que complementa: “É preciso focar em si. Olhar para mim e ver o que tenho, e analisar o que eu posso fazer com isso e ir atrás se quero algo diferente. É preciso criar mecanismos para fazer e não barreiras para não fazer”.