Na semana anterior fiz uma referência ao processo de redução da rentabilidade das principais atividades produtivas dos agricultores familiares neste ano de 2017. E evidentemente este fato resulta no empobrecimento da classe, com reflexos nos demais setores econômicos do país.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, está fazendo uma projeção em relação à safra agrícola, de grãos, 2017-2018, estimando uma redução de 9,2% em relação à safra passada, podendo alcançar um total de 219 milhões de toneladas. Especialmente a cultura do trigo continua sendo a surpresa negativa, prevendo-se igualmente um desempenho menor das culturas de soja e do próprio milho que não repetirão os volumes anteriores.
Há um conjunto de fatores contribuindo para esse quadro um tanto pessimista, podendo ser relacionado o clima não tão propício neste ano. Temos a questão da queda dos preços dos principais produtos. A elevação do custo de produção a partir do aumento dos principais insumos que são utilizados nas atividades, desde os fertilizantes, sementes, combustíveis, energia elétrica, máquinas, a manutenção dos implementos, defensivos, dentre outros.
Pois assim como a agricultura familiar se ressente da instabilidade que atinge hoje o setor, também a agricultura extensiva se depara com as dificuldades, considerando a necessidade de se fazer elevados investimentos para produzir. O custo para produzir é cada vez maior e os preços dos produtos não conseguem recuperar a defasagem e o desequilíbrio que vem se estabelecendo.
Reduzir produção para melhorar o preço
A estranha recomendação do Conselho Estadual do Leite é a redução da produção, no Estado, em 10% para a garantia de uma reação nos preços do produto.
O órgão alega que normalmente neste período de verão o consumo de leite registra queda, fazendo crescer os estoques das indústrias e consequentemente os preços a nível de produtor sofrem a tendência de queda.
O caos que se instalou na atividade de produção de leite já vem sendo objeto de comentários reiterados e até cansativos. Mas enquanto não se vislumbra uma melhora na situação, temos que continuar a insistir no assunto, conhecendo o quanto a produção de leite é importante nos aspectos econômico e social, levando em conta a permanência dos minifundiários no meio rural.
O bom momento que a produção de leite alcançou em meados do ano passado, provocou um clima de otimismo, fazendo com que a maioria dos produtores apostassem em melhorias nos sistemas de produção, fazendo consideráveis investimentos. O litro do leite pago ao produtor alcançou um preço de aproximadamente R$ 1,60, o litro, quando hoje se situa em redor de R$ 0,90, ou seja um pouco mais de 50% em relação há 12 meses atrás.
O desestímulo continua levando à desistência um considerável número de produtores de leite. O setor está se encaminhando mais e mais para a desestruturação e levará um longo tempo para voltar à condição anterior.
FELIZ NATAL!
Aos prezados leitores deste jornal, mas especialmente aos habituais parceiros desta coluna, que há mais de 30 anos me acompanham e prestigiam, ficam os votos de um Natal abençoado, de muita paz e de muitas esperanças. A grande expectativa é de que possamos crescer nas dificuldades e ter uma jornada melhor no próximo ano.