Com o objetivo de reduzir e prevenir o uso de drogas e a violência entre crianças e adolescentes enaltecendo a cidadania, o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) foi criado em âmbito nacional em 1983 e implantado no Rio Grande do Sul em 1989. O programa que é voltado a alunos da rede pública dos 5º ao 7º anos tem como ênfase auxiliar os jovens a reconhecerem as pressões diretas ou indiretas que os influenciarão a experimentar álcool, cigarro, maconha, inalantes, ou outras drogas e a resistirem a elas, bem como àquelas para se engajarem em atividades violentas.
O Programa oferece estratégias preventivas para reforçar os fatores de proteção, em especial referentes à família, à escola e à comunidade, que favorecem o desenvolvimento da resistência em jovens que poderiam correr o risco de se envolver com drogas e problemas de comportamento.
O conteúdo desenvolvido pelo Proerd pode ser incorporado de forma interdisciplinar no currículo escolar dentro das disciplinas relativas à saúde, ciências, estudos sociais, literatura e outras. O professor deve manter um papel de apoio na classe, enquanto o policial está em aula.
1,2 milhão de estudantes formados
Um dos idealizadores e facilitador do programa no Rio Grande do Sul, o Major Fabiano Dorneles, que reside em Arroio do Meio, defende que o policial deve atuar também como um educador social auxiliando na educação e prevenção da criminalidade, transmitindo valores, conhecimentos e princípios. “Sou um dos mentores do Programa no Estado e tenho uma excelente equipe que trabalha no programa e formou mais de 1,2 milhão de crianças desde o inicio das atividades”, revela.
Dorneles explica que o programa funciona da seguinte forma: o instrutor que é um policial capacitado vai até a escola e durante 10 encontros desenvolve o conteúdo programático. Com posse do livro do estudante que é disponibilizado gratuitamente pela corporação e que é doado pela Gerdau, o aluno acompanha as aulas de forma didática. “O programa tem como objetivo ensinar as crianças a tomar decisões sadias. Não só referente às drogas, mas em todos os sentidos. Nossa vida é norteada por decisões. Auxiliamos também nesse sentido”, observa.
O Major lembra que em 2016, 139 municípios gaúchos foram beneficiados com o programa. Em 2017, o número de municípios favorecidos foi ainda maior chegando a 150. Entretanto a falta de efetivo faz com que algumas corporações optem pela não implantação do programa. “Os benefícios do programa são muitos. A criminalidade recua quando a pessoa ainda jovem recebe em sua educação princípios básicos de disciplina que vão formar seu caráter. Dessa forma, aprende a respeitar o próximo optando pelo caminho do bem”, ressalta.
Em Arroio do Meio
Aproximadamente 30 turmas e mais de 600 alunos já foram beneficiados pelo Proerd em Arroio do Meio. Conforme a coordenadora pedagógica da secretaria de Educação, Marlise Führ, a implantação do projeto na escola Barra do Forqueta, cuja solenidade de formatura ocorreu ontem, é comemorada pela Administração Municipal, já que em 2016 não houve turmas. Na escola da Barra foram atendidos 17 alunos do 5º ano.
Marlise ressalta que o programa é positivo e vem ao encontro de demandas da sociedade. A intenção segundo ela é ampliar para o próximo ano o programa para as demais escolas da rede. “Esse trabalho realizado pela Brigada Militar fortalece os vínculos entre estudantes e a figura do policial, trazendo para dentro das escolas e das famílias a educação e a prevenção contra as drogas. É um trabalho maravilhoso que traz retorno positivo à nossa sociedade”.
80 alunos formados em 2015
Na mesma linha de pensamento da secretaria de Educação, o capitão Ricardo Machado da Silva, responsável pela 3ª Companhia do 22º Batalhão de Polícia Militar de Arroio do Meio demonstra interesse em manter o programa em 2018. Diz que se possível expandirá o programa para demais escolas da rede municipal, salientando que o Proerd é um dos carros chefes da Brigada Militar. “Em 2015 foram formados 80 estudantes em Arroio do Meio. Temos instrutores capacitados para ministrar o curso e daremos sequência”, promete.
Porém cita a necessidade das escolas e da secretaria de Educação manifestarem o interesse em implantar o programa e observa que para o Proerd sair do papel são necessárias parcerias entre a corporação e sociedade civil para a compra de camisetas e demais custos do programa.
Implantação do programa em Arroio do Meio
Lourdes Maria Gasparotto Rizzi era secretária de Educação quando o programa foi implantado, em 2001. Lembra que na época o problema do uso de drogas lícitas e ilícitas por menores de idade, a exemplo de hoje, já preocupava. Recorda que a implantação do programa foi a estratégia encontrada para aproximar o jovem da figura do policial Militar visando o combate e a resistência às drogas.
Lurdes destaca que hoje, ao contrário da época, o programa tem bastante visibilidade o que é muito positivo. Sobre o consumo de drogas lícitas e ilícitas por parte dos jovens, diz que o apelo ao consumo é muito forte e por isso é difícil o combate. “Envolver o jovem em atividades físicas e sociais a exemplo de esportes, teatro e música são alternativas inteligentes que devem ser usadas e que geram resultados positivos, diminuindo assim o risco de envolvimento”, salienta.
Escola Barra da Forqueta
A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Barra do Forqueta, Liselote Lange Gabriel, conta que a expectativa em relação ao início do curso era grande por parte dos alunos do 5º ano. A receptividade por parte dos estudantes foi boa, demonstrando interesse pela atividade e o conteúdo desenvolvido ao longo do programa. “Eram instigados e interagiam de forma positiva”, lembra. Nos 10 encontros que aconteceram semanalmente, o instrutor desenvolveu o assunto por meio de vídeos educativos e expôs situações que os estudantes estão propensos no dia a dia a exemplo do consumo de drogas lícitas e ilícitas. “O assunto drogas deve ser discutido amplamente pela sociedade e deve começar pela escola”, observa.Para vida toda
O taxista Rafael Augusto Kunz, do bairro Medianeira, cursou o Proerd em 2001. Avalia como positivo o programa que, segundo ele, traz à tona e esclarece assuntos referentes ao consumo de drogas às crianças e jovens. Assunto de extrema importância que deve ser discutido amplamente começando na escola. “Nessa idade a garotada possui várias dúvidas e consequentemente está mais propensa a envolver-se com coisas erradas. Nesse sentido o programa aponta caminhos e esclarece determinadas situações, no período e idade mais vulnerável”, e complementa, “o Proerd é um ensinamento que se leva para a vida toda”, finaliza.