Há exatamente um mês uma delegação, integrada por entidades representativas dos produtores de leite do Rio Grande do Sul, esteve em Brasília, reunindo-se com autoridades governamentais, para reivindicar medidas de apoio à cadeia leiteira gaúcha.
Decorridos trinta dias, o governo federal sequer manifestou-se sobre os pleitos dos produtores que continuam amargando quedas mensais dos preços pagos pelas indústrias, registrando, por exemplo, uma diminuição média de 4,5% no último mês de setembro.
Como não aconteceu nenhuma ação ou atitude e sim, uma omissão completa do governo central, nova mobilização foi realizada nesta semana, quando uma comitiva retornou a Brasília, batendo nas portas dos Ministérios da Agricultura e da Casa Civil, com fortes cobranças diante da postura de indiferença das autoridades com o cada vez mais grave quadro dos produtores de leite, sobretudo os da agricultura familiar que têm na atividade um meio de sobrevivência econômica.
Comenta-se a possibilidade de uma ação judicial, com a finalidade de apurar as suspeitas em relação à origem do leite que o Uruguai exporta para o Brasil, considerando os elevados volumes vindos para cá. O dado que chama a atenção é que o país vizinho contabiliza quantidades de leite exportadas, praticamente iguais ao total produzido por ele, deduzindo-se haver um comércio irregular, comprometendo a qualidade de um produto destinado à alimentação humana.
As medidas reiteradas nesta semana referem-se a linhas de créditos especiais para os produtores, a fixação de cotas para importações, a inclusão dos estoques de leite em programas sociais, além da garantia de preços mínimos, calculados a partir do custo de produção.
Enquanto perdurar essa insensibilidade dos governos, federal e estadual, em relação às dificuldades e clamores dos produtores, o número de leiteiros desistentes da atividade cresce mês a mês. O ano de 2017 vai ficar na história pelo número recorde de estabelecimentos desativados. O desestímulo pegou e milhares de pequenos agricultores familiares não encontram forças para permanecerem ativos, resultando em prejuízos nos aspectos de geração de renda e de empregos, pois a produção primária utiliza números expressivos de trabalhadores, empregados.
A decadência da cultura do trigo
As constatações no início da fase de colheita do trigo no Rio Grande do Sul e de resto no Brasil, indicam que a presente safra será a pior dos últimos 10 anos. É a decadência, a falência de uma atividade que outrora nos dava a condição de sermos considerados a “celeiro do mundo”, com a responsabilidade de produzirmos alimentos que pudessem ser destinados a países carentes.
A triticultura paga hoje o preço de uma política governamental que prioriza os acordos comerciais que o Brasil mantém com outros países produtores, em detrimento dos nossos agricultores.
De ano a ano fomos perdendo a qualidade do nosso trigo e atualmente se verifica que produtores destinam o produto para a fabricação de rações para trato de animais. É inconcebível conviver-se com essa política de importação de um produto que poderia ser cultivado aqui, possivelmente com preços mais acessíveis dos produtos derivados, em especial o pão francês, consumido em grande escala.
54 anos de Fetag-RS
O dia 06 de outubro marcou os 54 anos de fundação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul. Faço este registro pela importância da organização sindical para a classe dos pequenos agricultores, proprietários ou assalariados rurais, na sua valorização, suas conquistas e respeito conquistado.