Quem está livre do cansaço, com tanta notícia sobre corrupção e violência no Brasil (não exatamente com as notícias, claro)?
Eu estou pra lá de Bagdá!
Na tentativa de fugir deste pesadelo, fui surfar na praia das notícias da Suécia. Entrei no site da publicação “The Local”, que circula em inglês em vários países da Europa (Austria, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha e Suécia). The Local é um jornal digital com um formato padrão, mas, direciona os editoriais e as notícias para o mercado de cada país a que se destina.
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Pois bem, matérias do The Local Sweden do final de setembro último pareciam quase frívolas – para os padrões brasileiros. Entre outras coisas, havia informações sobre a premiação do Nobel deste ano; sugestões de atividades para aproveitar o final do verão; uma avaliação do caso dos refugiados iugoslavos que vem entrando desde a década de 90, acompanhada da pergunta sobre as lições que a Suécia tem para aprender com eles.
Também poderia passar como amenidade a reportagem sobre uma exposição de arte que está acontecendo numa das estações de metrô da capital. A rede de metrô de Estocolmo é administrada pela companhia SL, tem uma extensão de mais de 100 Km e ficou célebre pelas exposições de arte que continuamente realiza: pintura, escultura, instalações. No seu conjunto é uma das maiores galerias de arte do mundo. Colocar a arte no metrô é a maneira que o país encontrou para tornar a arte acessível a todos.
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Não, ainda não cheguei ao ponto.
O ponto é a notícia sobre a mostra em exibição na estação Slussen que é assinada pela artista Liv Stromquist. Veja só. A exposição é composta de painéis em preto e branco que mostram pássaros, gatos, árvores, homens despidos e mulheres com as pernas sem depilação, andando de patins enquanto menstruadas. As pinceladas vermelhas são o único ponto coloridos nas pinturas.
“As escolhas da artista prestam tributo ao corpo humano em todas as suas formas e expressão”- declarou ao The Local a porta-voz da companhia de metrô SL, Martina Viklund.
A porta-voz informou também que os artistas e as obras são sempre selecionadas por uma comissão formada por trabalhadores da SL, por críticos de arte e por artistas. Acrescentou que a escolha das obras de Liv Stromquist se relaciona com o objetivo de promover arte que tenha aceitação entre o público mais jovem.
Martina Viklund disse ainda: “A Companhia SL não tem nenhuma restrição a mostrar corpos nus no metrô. A arte tem uma longa tradição de celebrar a nudez humana” – finalizou.
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Você que está lembrado da polêmica envolvendo uma exposição em Porto Alegre pode destacar dois aspectos do relato acima, para efeitos de comparação. Primeiro, o tipo de notícias que aparecem no jornal. Segundo, a maneira como se encara uma exposição de arte.